terça-feira, 25 de dezembro de 2012




"O sofrimento não está no fato, mas na percepção do fato". (Sri Amma Bhagavan)

FELIZ NATAL A TODOS!! 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sozinha sentada na beira do rio



No dia da Lavagem do Senhor do Bonfim, irei caminhando do Comércio à Igreja, cantando, dançando, rindo e bebendo, junto com toda essa gente preta da Bahia - minha gente, minha raiz de fé - fazendo festa. É festa! Avisem aos orixás, "manda descer pra ver", na Terra tem um monte de gente preta marchando pelas ruas em nome do seu santo.

Chegando lá eu vou agradecer e também vou pedir, "toda fé tem um andor" e todo mundo tem ao menos uma fé. A fé é uma só. Eu vou pedir, porque tenho fé; vou pedir ao Senhor do Bonfim, a Oxalá, a Iansã, a Yemanjá, a Oxum; a todos os orixás; a mim mesma. Vou me pedir a verdade, a "verdadeira natureza interior", sem medo nem vergonha; deixar falar aquelas vozes caladas durante muito tempo, oprimidas. Vou me pedir que seja eu. E vou pedir também que as minhas feridas cicatrizem. Vou pedir a cura. Será sempre cicatriz, o meu corpo será prova do que vivi, não pretendo esquecer. Mas quero a cura. A cura permanente, a capacidade de encher de amor cada dor, misturando e fechando pouco a pouco a carne exposta. Se fechando, se protegendo, dia a dia, todos os dias da minha vida. Quero pedir proteção: "eu não ando só". Então lembro que não estou tão sozinha, que não sou tão dona da minha verdade, que faço parte de algo maior, infinito e belo, e que sirvo à harmonia da qual dependo, da qual dependemos.

Então acredito na paz do fim dos tempos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Soltando a Pedra - Treinando para Viver a Paz



Partimos da reflexão sobre nossa disposição para viver cada momento de nossos dias com vontade a todo vapor e energia abundante. Há diversas dicas de ‘bem estar’ e para o ‘Viver Bem’, que passam pela alimentação, pelo ‘respirar correto’, pela qualidade do sono, pelas motivações que justificam viver cada fato, mas em destaque apresento a economia de energia psíquica. É possível verificar que em diversos momentos nossa energia psíquica, em particular nossa disposição mental, parece ficar desgastada, reduzida, tensa: é como se o cansaço mental limitasse até o ato de pensar ordenadamente e de agir de acordo com o que se intenciona e o que se pensa. Na realidade, amigo leitor, não só parece: é um fato! Cansaço mental é um fato e um dos limitadores de desempenho nas relações e na qualidade de vida.

Alguns dizem que o desgaste é causado por excesso de atividade mental, e a essa ideia eu credito validade, sem dúvidas! Contudo, há uma situação em particular que chama muito nossa atenção por resultar não só em desgaste mental, mas também em experiência de sofrimento – e sofrimento evitável – e justamente por ser algo que está sob nossa vontade, torna-se, nesse momento, o foco de nossa reflexão: o pensamento ao qual nos apegamos e que significa ou resignifica uma situação ou fato e ao qual não queremos nos soltar.

A que me refiro exatamente? Àquele pensamento ou padrão mental que parece insistente, e que dá significado a uma situação que vivemos ou mesmo uma relação pessoal, e compromete nossa qualidade de vida à medida que persiste e consome nossa energia, além de causar sofrimento. Consideremos alguns exemplos: o pensamento que tem por alvo o ciúme e a possessividade, o pensamento ou padrão mental que tem por alvo que nosso trabalho é somente fonte de stress, o pensamento que tem por núcleo que nada funciona em nossa vida – quando, por exemplo, a TV pifa na hora da novela. São pensamentos retroalimentados por tônica negativa e que, em razão de causar sofrimento, é algo rejeitado, combatido até, mas mesmo assim está sempre presente: “ela vai acabar se interessando por outro” ou “o trabalho só me causa sofrimento, quão bom seria se pudesse parar tudo” ou “sou azarado e nada funciona em minha vida: basta eu desejar um pouco de paz para que algo deixe de funcionar... e justo na hora da novela!”.

Há pelo menos dois elementos muito, mas muito curiosos, em pensamentos aos quais nos apegamos e que são causa de sofrimento: o primeiro é nossa insistência em conservar um elemento totalmente contraproducente; em segundo, a necessidade ou a quase inevitável relação com a realidade de modo a filtrar eventos, fatos e acontecimentos para encontrar provas que validem o padrão mental. Vejamos como isso ocorre: o ciúme pode estimular o sujeito a encontrar provas de que é justificável pensar do modo que pensa – como se o pensamento quisesse sobreviver ou tivesse que. Então se alguém olha para sua parceira, ou se ela olha para uma direção qualquer em que haja pessoas, ou se ela sorrir ao conversar com alguém, tudo prova que o sujeito está sob-risco e que pode ser “passado para trás” a qualquer instante. E o sujeito? Sofre. E a relação? Também sofre. Nesse caso, o apego ao padrão mental que nutre o ciúme é sustentado pela tentativa de controle e pelo desejo de evitar que o que é temido possa se concretizar. Medo de remotas possibilidades e necessidade de controle. Quantas relações não acabam por causa de remotas possibilidades – medo e controle (ciúme)?

Seja qual for a situação vivida, o padrão mental quase obsessivo e o pensamento persistente, considere que é como uma pedra preciosa em suas mãos. Uma pedra bruta, cheia de pontas e asperezas que ferem. O que fazer com algo que fere nossas mãos enquanto seguramos? Soltar. Eis o que precisamos fazer: soltar a pedra. Mas e o valor dela, e a importância dela? A preciosidade está no aprendizado que podemos extrair da experiência de conhecermos a pedra, ou melhor, o pensamento, e o reeditar de modo a substituí-lo por outro que não seja sabotador.

Tomemos os exemplos: do ciúme, do medo de ser deixado de lado e do desejo de controlar, migremos para a confiança em quem amamos e em nós mesmos; da impressão de que o trabalho só têm desvantagens, a solene decisão de permanecer nele ou de partir para outros prados e, se a escolha for permanecer, não fixar o olhar nos espinhos do caule da rosa, mas sim no todo,  principalmente na flor e no seu perfume e beleza; da impressão de que nada funciona quando a TV para de funcionar na hora da novela, para a impressão de que um evento pode não funcionar conforme o desejado, mas centenas de outros fatos funcionam, e as centenas de outras coisas que permanecem funcionando têm o seu valor.

Estabelecemos relações de preservação do que é improdutivo ou até contraproducente, na tentativa de garantirmos algum controle sobre nossas vidas: sem que percebamos, nos sentimos relativamente frágeis, e por isso mesmo não apreciamos correr riscos, ou mudar o “status quo”, e tampouco apreciamos a entrega em confiança à vida, à Razão que permeia tudo e todas as coisas, ao fluxo, se não houver ao menos algum meio de preservação do controle. Não apreciamos correr o risco, pois desejamos muito o prazer, a estabilidade e a segurança em nossas vidas, mesmo que a preço de sofrimento. Isso soa contraditório, mas um exame até superficial de nossas experiências comprovam esses fatos. A soltura e a confiança no Fluxo da existência – de modo incondicionado - correspondem a uma escolha audaciosa, porém gratificante e realizadora.

Quanto ao conforto associado ao que funciona ou não funciona em nossas vidas, é simples notar que o exercício do reconhecimento -diariamente observar as inúmeras dádivas em nossas vidas– produz a “inteligência da gratidão”, que além de deliciosa é muito instrutiva. Se o televisor parou de funcionar no momento que o programa predileto iria começar pode se revelar uma grande oportunidade de compreensão da existência de incontáveis fontes de realização além daquele programa de TV, e não dependemos da TV, ou em outros termos, nossa realização e nosso bem estar não estão condicionados a um entretenimento ou outro evento qualquer que seja. E sejamos amigos da simplicidade nesse campo, amigos: enquanto nosso coração pulsar, nossos corpos servirem de abrigo, já temos muitas e muitas coisas funcionando perfeitamente em nossas vidas, que tal?

Seja qual for o pensamento ou o padrão mental sabotador, podemos aprender com a relação que estabelecemos com nossa realidade à medida que a resignificamos de acordo com tais padrões mentais, e, principalmente, podemos aprender a valiosíssima lição de soltar, desprender, nos desapegarmos de tais pensamentos. A pedra fere a mão? Soltemos a pedra. Abrir mão, desapegar, reeditar um pensamento, escolher um modo de pensar diferente para substituir o que nos fere ou até que fere alguém é algo simples e realizável. Soltemos as pedras, amigo leitor, e treinemos a substituição de pensamentos inválidos por aqueles que são escolhidos, válidos e nutritivos. E então, vamos prosseguir e treinar? Um grande abraço. 

Marcelo Hindi – Professor e Psicoterapeuta Holístico 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti - texto extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco, 1996.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012




"Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz

E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão"

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Vocês ão de convir que as pessoas são mágicas..
e magia não se vê assim, não se salta a vista.

Essa nossa cultura espera que tudo que transcende seja pulsante e luminoso,
não, não é...
Vez ou outra tudo que diz respeito ao nosso ciclo
está contido no detalhe do detalhe!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

E não há de me agradar, especificamente, o terceiro minuto da aurora
e nem por isso haverá aborrecimento.
Acontece que os raios de sol nascem para todos,
se moldam a várias vistas,
expectados por multidões.

Não há de haver sofrimento, angustia ou dissabor
se dos frutos que caiam da árvore
justo o meu não me agradou...
Foram sementes pensadas para o mundo
e não para o meu universo...

 Me será dado constantemente
e a oferta já é presente.
Assim, que saiba eu, tão reticente, receber o AMOR!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Lírios
delícia
surpresa
gostoso
espaço
virtude
sorriso.


Pronto, já encontrei palavras pra adoçar a boca!

sábado, 6 de outubro de 2012

Aqui encontro-me embora resistentemente desencontrada

Só eu e o chá quente,
a gripe remediável,
o desejo morno
e o horizonte pleno.

Faz tempos que não me sento assim
acendo o incenso,
esquento a água,
aqueço o coração.

Sem julgamentos,
sem pausas, sem continuações, sem detalhes, sem pedidos, sem defeitos.
Só.

Apenas.

Neste instante. Após sofridos momentos de aflição.
Essa minha quimera, deseja ser o outro, tomar-lhe o tempo,
tornar-me ele. Sem viver o fato, o ato, a cena.
Sem dramatizar, sofrer, chorar, sem sentir pena.
Apenas beber do mel de quem me salta a vista.

Adiante, ante aquela colina, encontro-me, eu!
Desencontrada, dizendo-me agouros.

Pxii, huuuuum, aaaaaaaahhhhhh!
Huuuuum, aaah, pxiuuuuuuuuuuuu.

Acalma-te alma pequena,
sereneia, assussega, não se apequenta.

Só lhe resta o hoje,
e um medo imenso, paralisante, paralelo a tua coragem!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Incendiário


A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida.

Mario Quintana

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Onze




Salve a orquestra!

"Agora posso ir e não olhar pra trás
Passado tudo aquilo que se desfaz
Foi bom te ter mais uma vez, saber te perdoar
E dar por fim da mágoa de um mal amar

Hoje quero crer que não foi mesmo em vão
Escolho solitude à solidão
Foi bom te ter mais uma vez, poder te abandonar
E dar por fim da mágoa de um mal amar

Quem feriu meu coração fui eu, mais ninguém
Quem feriu meu coração foi você também

Agora posso ir e não olhar pra trás
Passado tudo aquilo que se desfaz
Foi bom te ter mais uma vez, poder te perdoar
E dar por fim da mágoa de um mal amar

Hoje quero crer que não foi mesmo em vão
Escolho solitude à solidão
Foi bom te ter mais uma vez, saber te abandonar
E dar por fim da mágoa de um mal amar

Quem feriu meu coração fui eu, mais ninguém
Quem feriu teu coração foi você também
Quem feriu meu coração fui eu, mais ninguém
Quem feriu teu coração foi você também"

quinta-feira, 20 de setembro de 2012



Aqui Jazz um nome, um corpo, uma música
Cravada no Cosmos, Arriada no Asfalto,
Esconjuro, Rogo, Prego, Ordeno
Encruzilhada, Fim da linha

Larôye, Ogum, Forças e Irmãos da Mata!
Oxalá emane a paz
Yemanjá nos guie e guarde em nossa travessia.

Axé!



sábado, 15 de setembro de 2012

Salve Batatinha! Salve o Samba da Bahia!



"Sou profissional do sofrimento
Professor do sentimento
Do amor fui artesão
Mestre do viver já fui chamado
Conselheiro do reinado
Cujo rei é o coração

Quebrei do peito a corrente
Que me prendia à tristeza
Dei nela um nó de serpente
Ela ficou sem defesa
Mas não fiquei mais contente
Nem ela menos acesa
Tristeza que prende a gente
Dói tanto quanto a que é presa

Abri meu peito por dentro
O amor entrou como um raio [é Iansã]
Saí correndo do centro
Dentro do vento de Maio [ou de Setembro...]"

segunda-feira, 10 de setembro de 2012



"DEVAGAR, O TEMPO TRANSFORMA TUDO EM TEMPO. O ÓDIO TRANSFORMA-SE EM TEMPO. O AMOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO. A DOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO. OS ASSUNTOS QUE JULGAMOS MAIS PROFUNDOS, MAIS IMPOSSÍVEIS, MAIS PERMANENTES E IMUTÁVEIS, TRANSFORMAM-SE DEVAGAR EM TEMPO. MAS, POR SI SÓ, O TEMPO NÃO É NADA, A IDADE NÃO É NADA, A ETERNIDADE NÃO EXISTE."

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


‎" Enquanto não atravessarmos a nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades... Para viver a dois, antes, é necessário ser um."

Fernando Pessoa

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ai de você que não entenda a poesia desse vento que lhe toca a pele
É a sensação que arrepia sem esforço
É o pedaço de saudade que desassussega a alma
É vontade danada, repentina...de desejo que chega arde.

Ai de você que não reconheça o que há de música em meus silêncios...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012



"Dia a dia, peça a peça, quebra-cabeças
E a imagem que vai se formando
Tempestades, calmarias, busca isessante
E o barco segue navegando, santa paciência

Ponto a ponto, guerra e trégua nos bastidores
O palco se transformando
Ponto a ponta, luz e treva, composição
Compostos se abraçando, jogo e natureza

Jogo e natureza, jogo e natureza"

Pílulas de Lucidez...


Só sendo muito louco
pra acreditar em Horóscopo...
e só estando muito apaixonado
para além de ver o seu,
acompanhar o dela.



                               

sábado, 18 de agosto de 2012

O amor é líquido



O amor é líquido, como a chuva e a lágrima. Como quando saio de casa de manhã cedinho e sinto o cheiro a umidade da chuva que virá. Como quando numa madrugada de vinho e amizade, a tormenta se aproxima devagar e de repente o céu de nuvens se ilumina de raios escondidos e esperamos com ansiedade curiosa o barulho do trovão que com certeza virá. A certeza de que virá e será mais alto que o anterior – ou não –, mas virá, e é depois, porque somos tão pequenos nessa imensidão de universo, e somos tão grandes nesse universo dentro de nós. E aí é quando a terra se acalma, se amansa, se molha na sua secura diária, se assenta e se reconhece terra. Mas é noite e a chuva também mata muita gente, e alaga as ruas e inunda as casas. E sempre que chove me vem esse mesmo desejo inocente de que a chuva caia leve e paciente para todos e todas. Porque ela é linda, e não pode ser que a beleza sempre tenha que vir acompanhada da dor. Tanto que esperávamos por ela, disso se falava pelas ruas, “que llueva, que llueva”, e a terra se assenta um pouco. Eu me assento, porque olho o pátio, e a gata, assustada, brinca com as gotas que caem. Escuto o barulho da chuva nas plantas e a risada do Dani, coloco Piazzolla no rádio porque me parece que é música feita pras noites de tormenta. Me assento e me acalmo, porque a chuva é líquida e simples como o amor, e a gente só aceita e ri e chora e luta.

O amor é líquido como quando choro, e o sentimento vira água salgada que brota dos meus olhos e me molha a cara, me assenta o rosto, e é sentimento materializado líquido: aquele nozinho que se forma no peito, mais lá dentro que o coração, naquele dentro infinito que senti um dia como o universo – o universo infinito que habita dentro de mim. Esse nó vai subindo e vai se desatando, com paciência e sem pressa, como quem caminha pela minha garganta querendo e sabendo sair. E sobe, sobe até a cabeça, se concentra nos olhos por um segundo para então se desfazer – e se formar lágrima, gota, rio de água salgada, cachoeira de mim. E lava, limpa, chove e assenta.

O amor é líquido como a Ayahuasca, o suor, o amor. Como quando entro no mar e esqueço quem sou; como quando entro no rio e já não tenho corpo, porque sou água que me leva com a correnteza e eu vou, lenta e precisa, conhecendo montanhas e corpos, banhando pedras e folhas. E às vezes sou mangue, outras sou lago, e sempre sempre deságuo no mar. É assim como mergulhar no amor, todos os dias; lembrar que o amor é líquido, é sangue vermelho fluindo, é a água para o mate ou o café, é aquela vontade de nascer e crescer, mas também às vezes voltar para a barriga da mãe – mergulhada em amor.

Mergulhar no amor todos os dias de nossas vidas.

domingo, 5 de agosto de 2012

Sei lá...sei lá...


Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

Toquinho e Vinícius

Abraço de árvore!


Abraço de árvore para todos!

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Eu não sou amante de demonstrações públicas de afeto, Mesmo assim eu preciso te dizer essas meia verdades, Só tenho metade da verdade pra te oferecer, vez que não bebi  da sabedoria do mundo.Não gosto das pessoas ao seu entorno, não aguento mais ouvir falarem mal de vc, ou falarem que falaram mal de vc, não aguento mais vc em más companhias (sim, elas existem), não aguento vc perto de quem não te ama. Todo o foco na sua vida é o outro, sim, isso poderia ser nobre mas é degradante...  Não ver o outro arcar com suas consequências, ver você se desesperar, vc chamar de amiga ou de amor já chega a me dar ojeriza...todo o respeito se dissolveu, passo por sérias crises de consciência e vc enxerga tudo ao seu entorno, menos a mim. É como se o amor que eu te dedico crescesse e minorasse. É como se todo o meu querer bem estivesse por se esvair. Eu te amo, te quero bem, mas eu não concordo com nenhum passo ou escolha sua. Nem devo, não sou tua voz de consciência. Então eu apelo, seja ao bom senso, a força ou antipatia, mas vc me olha e não me vê... Da mesma forma sutil que te abordei antes, novamente me apresento. Te peço desculpa, não concordo com as suas escolhas, deve ser culpa da ojeriza. Dorme, divaga e pensa, só não esquece de acordar!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Soneto do amigo


"Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica..."

Vinicius de Moraes

Feliz dia do amigo, queridos. 

terça-feira, 17 de julho de 2012



Roubaram o brio
daquele que de longe se destaca
seja pela passada suave,
seja pelo sorriso marcante..

Eu só sei que aquele que dantes navegava
meio só na minha estrada
hoje flutua sem destino
em meio a um mar de turbilhão...

Ah, como sinto falta
seja da aurora querida,
ou do pedaço de brisa
que vinha do seu falar...

Aquele homem, que tal como o seu som
de um forte agudo marcou,
fez desta lembraça
se assemelhar a morte, tamanho o seu pesar!

E hoje
que eu tanto procuro...
sentir seu cheiro meu heroi
vejo quão impossivel te esquecer!


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Eu me perdi..
não sei em que canto..
só sei que não me acho..
transpareço no espelho
perdi um pouco de consistência,
não sei mais o que faço.

Que me achar, me avisa...
eu preciso de mim as vezes...
O sobre e o desce precisam de mim,
a rotina precisa de mim.

Meus pedaços devem estar colados corretamente
Remendos não,
vamos fazer que nem as paredes da sala, quando resolvemos
radicalmente mudar de cor..

Lixe-me com paciência, elimine a superficie irregular,
uma bela mão de tinta vai resolver...
a aparência do novo não é futilidade
refresca o ambiente, muda as energias.

Enfim,
tudo isso é uma bobagem,
não me busque, se nem eu me acho
ninguem há de me resgatar!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Amor às pernas!

Hoje eu amei!
Amei minhas pernas!
Num súbito mal entendido da mente,
Refleti sobre a invenção da tal natureza,
O "insite" de um estalo...revelou,
Rompeu minha realidade banal,
Amei minhas pernas e sorri!
Agradecido da vida,
Sorri e segui ágil,
Grato por ter energias suficientes,
Como tarefa: ajudar incansavelmente meus irmãos!



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Para onde irá essa noite?


Te quero forte,
Na vontade da noite,
Agulha que aponta o norte,
Âncora que destelha,
Destroça a peça, prega o trote,
Dá de ombros...teima.
Te quero ver inteira,
Despedaçada...inteira,
Plena sem constelação,
Te toco o corpo,
Feito pó que alimenta,
Da poeira ao pão.
Te quero sólida,
Diamante de rocha,
Equilibra-te na composição.
Não me venhas com choro ou vela,
Te amo toda...e assim te quero,
Cheia de manias e convicção.

terça-feira, 3 de julho de 2012




Final Feliz(ou quando deixamos de ser meros coadjuvantes)

Rio calado.
Do que? Não sei.
Deixo acontecer.

No fim do ato, improviso
Grito, incito, provoco
Deixo você ser

Mágico, músico, bruxo
Em cada canto e cena
Deixo a deixa, o mote
A pausa, a fala o tom

Desafio o mundo
Reinvento a roda
Desconstruo moda
E nada disso cola...

Fim. :)

segunda-feira, 2 de julho de 2012



“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.
O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.
É pouco, é muito pouco.” 


(Clarice Lispector)


quarta-feira, 27 de junho de 2012

A uma mulher



Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.

Vinícius de Morais

terça-feira, 26 de junho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Velha história

Rio de Janeiro

Depois de atravessar muitos caminhos
Um homem chegou a uma estrada clara e extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias…
Os únicos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele perscrutou o horizonte
E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
Ele perscrutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.

E o homem se lembrou dos outros caminhos.
Eram difíceis, mas a água cantava em todas as fontes
Eram íngremes, mas as flores embalsamavam o ar puro
Os pés sangravam na pedra, mas a árvore amiga velava o sono.
Lá havia tempestade e havia bonança
Havia sombra e havia luz.

O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si
E voltou.

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Arte



Sem as cores inventadas sem qualquer finalidade, o mundo perde seu espírito.
Sem a arte, o sentido fica perdido.
A piada, pouco engraçada.
O caminho se torna duro demais, pesado demais e muito confuso.
A loucura passa a ser vista com um estado clínico.
O planeta, ao invés de uma bola azul gigante rodopiando no infinito, ganha este nome: planeta.
Uhmmm... Sem graça... Sem vida...
Ahh... que chato!
Não, não, a arte não é um dom, não é um ofício, não é um misterioso conhecimento secreto dos escolhidos.
A arte é um estado de graça.
É uma específica forma de fazer, viver, pensar e enxergar o mundo.
Faz dos processos danças sem qualquer sentido.
Nada vem depois, pois o espetáculo é agora.
É o se ver como um ator ou atriz num lindo e único drama (com começo, meio e fim).
Se o espírito toma a forma de artista, então a vida ganha forma de tela.
Os problemas, os corações partidos, os desafios da vida diária se mostram como atos de uma peça teatral: não existem para atrapalhar, mas para dar sentido ao enredo.
Nem o músico, nem o pintor, nem o poema, o artista é apenas aquele que escolheu viver com arte.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

DIA DOS NAMORADOS


Em homenagem ao dia dos namorados !!!
É uma poesia !!!! ;D

Altas horas da manha meu telefone chama;
Ela(e) ligou só pra dizer que também me ama;
No meu bina aparece o nome de um(a) amigo(a);
Foi o jeito que eu achei pra não correr perigo

Imagina como fica minha situação;
Convivendo com as(os) duas(dois) no meu coração;
Um(a) puxando conversa e a(o) outra do meu lado
Eu disfarço com um sorriso e digo que ligaram errado

E todo dia é a mesma historia;
Quando desligo eu sei que ela(e) chora;
Meu corpo está na cama e o pensamento está com ela(e)

E desse jeito eu vou levando a vida
Tentei de tudo e não vejo saída
Matriz e filial as(os) duas(dois) eu amo igual;
Não sei o que fazer;

Fazer o que, fazer o que...
Bola pra frente a vida continua;
Fazer o que, fazer o que...
Não tenho culpa de amar as(os) duas(dois)

domingo, 3 de junho de 2012


Vi tanto rio seco,
tanto chão sem verde...
tanto pedaço de terra sem "frôr"
que senti foi dentro de mim saudade

Pedaços de gente faltando...
música brega ressoando na cabeça
vontade de um abraço que é só seu
só ocê sabe me dar...
era assim que o meu rio corria
com o rumo certo dos braços teus

Teu abraço me apertava tanto,
chega tirava o ar
secava a tristeza, tal qual o rio do meu sertão...

Mas de tanto tempo passado, tantas águas passadas
correntezas de Heráclito
Foi teu curso que voltou pra mim é?
E trouxe essa saudade
essa tristeza
essa falta de braço circundando o meu corpo
estralando as costelas
apertando as frestas dos meus defeitos?

Eu repito, é brega...
sentir seu cheiro do nada...
Eu, que não me deixo impressionar por nada
sou feliz só de saber que vc existe.

E nada mais,
não preciso de você do meu lado,
não preciso aprofundar o pensamento
por que é assim, o que é, e já foi, não há de deixar de ser...


quinta-feira, 24 de maio de 2012





Confesso que já estou cheio de me informar sobre o mundo. Pela TV, pelo rádio, pelos incontáveis canais da Internet, pelos celulares, pelos velhos jornais e revistas não param de chegar notícias, comentários, opiniões formadas. Essas manifestações me cercam, obrigam-me a tomar conhecimento de tudo, enlaçam-me numa rede de informações infinitas, não me deixam ignorar nenhum acontecimento, do assalto no bar da esquina aos confrontos no Oriente Médio. Gostaria de descansar os olhos e os ouvidos, daria tudo para que se calassem por algum tempo essas notícias invasoras, e me sobrasse tempo para não saber mais nada de nada...

Minha utopia é acordar num dia sem notícias, quando os únicos acontecimentos sensíveis fossem os da natureza e os do corpo: amanhecer, clarear, ventar, escurecer – e andar, olhar, ouvir, sentar, deitar, dormir. Parece pouco, mas é mais que muito: é impossível. É impossível fruir esse estado de contemplação – melhor dizendo: de pura e permanente percepção de si e do mundo. Até porque partiria de nós mesmos a violação desse estado: em algum momento nos cansaríamos e passaríamos a cogitar coisas, a avaliar, a imaginar, e estenderíamos nossa curiosidade para tudo o que estivesse próximo ou distante. Em suma: iríamos atrás de informações. Ficaríamos ávidos por notícias do mundo.

O ideal talvez fosse um meio termo: nem nos escravizarmos à necessidade de notícias, nem nos abandonarmos a um confinamento doentio. Mas o homem moderno sabe cada vez menos equilibrar-se entre os extremos. Nossa época, plena de novidades, não nos deixa descansar. Cada tela apagada, cada aparelho desligado parece espreitar-nos, provocando-nos: – Você sabe o que está perdendo?

Desconfio que estejamos perdendo a capacidade de nos distrairmos um pouco com nós mesmos, com nossa memória, com nossos desejos, com nossas expectativas. Bem que poderíamos acreditar que há, dentro de nós, novidades a serem descobertas, notícias profundas de nós, que pedem calma e silêncio para se darem a conhecer.
(Aristides Bianco, inédito)


terça-feira, 22 de maio de 2012

Nossa luz


"Podemos falar indefinidamente, empilhar palavras sobre palavras, chegar a diversas conclusões, mas em toda essa confusão verbal, se houver uma ação clara, equivalerá a dez mil palavras. Muitos de nós temos medo de agir, porque estamos confusos, perturbados, mal-humorados e infelizes. Apesar de toda essa confusão e dessa desordem, esperamos que alguma luz venha nos iluminar, um luz que não venha de fora, que jamais seja enevoada, que não nos foi dada nem induzida, ou que nos possa ser retirada; uma luz que se mantém por si só, sem nenhum esforço da nossa vontade, sem nenhuma razão, uma luz que não tem fim e, portanto, não tem começo..."

"Não há possibilidade de experimentarmos a verdade. Enquanto houver um centro que recolhe, como o "mim", como o pensador, então a verdade não se encontra ali. E quando alguém disser que teve a experiência do real, não acredite: não aceite sua autoridade."

"Entre mim e você não há nenhuma autoridade. A pessoa que lhe fala não tem qualquer tipo de autoridade...o discípulo destrói o mestre e o mestre destrói o discípulo. Temos observado isso na história e em nossa vida diária: nesse lar não há liberdade, nem beleza ou amor."

J. Krishnamurti

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Foguete


Tantas vezes eu soltei foguete                         
Imaginando que você já vinha               
Ficava cá no meu canto calada                 
Ouvindo a barulheira
Que a saudade tinha
É como diz João Cabral de Mello Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã
Senti na pele a mão do teu afeto
Quando escutei o canto de acauã
A brisa veio feito cana mole
Doce, me roubou um beijo
Flor de querer bem
Tanta lembrança este carinho trouxe
Um beijo vale pelo que contém
Tantas vezes eu soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto calada
Ouvindo a barulheira
Que a saudade tinha
Tirei a renda da nafitalina
Forrei cama, cobri mesa
E fiz uma cortina
Varri a casa com vassoura fina
Armei rede na varanda
Enfeitada com bonina
Você chegou no amiudar do dia
Eu nunca mais senti tanta alegria
Se eu soubesse soltava foguete
Acendia uma fogueira
E enchia o céu de balão
Nosso amor é tão bonito, tão sincero
Feito festa de São João

terça-feira, 15 de maio de 2012

"Eu sabia, eu... eu tentei evitar
Não te quero, não assim. Vá! 
Mas você não me deixou te tirar da minha vida. 
Foi entrando, espalhando seu cheirinho, seu riso, sua graça
Esparramando sua vida em mim. 
E eu?
Tão segura, tão certa, não resisti. 
Como poderia? Como poderia evitar o amor? 
E agora você, com o mesmo carinho, está pedindo pra eu sair de você.
Escorrendo entre os meus dedos...
Como faço? 
Me devolva, por favor. 
Me devolva a mim. "

segunda-feira, 14 de maio de 2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012



"Martela o tempo preu ficar mais pianinho
Com as coisas que eu gosto
E que nunca são efêmeras
E que estão despetaladas, acabadas
Sempre pedem um tipo de recomeço.

Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se acontece alguma coisa
Nessa tarde de domingo.

Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
Nessa parte do caminho."

Num 6 ou 7 de maio...

Publico, pra fins de registro e carinho, o meu amor por você.
Neste domingo, quase segunda, guardo este exato sentimento que sinto agora. Mistura de alívio (daqueles que a gente sente quando termina de chorar), com alegria serena e vontade de dizer eu te amo. Eu te amo, Mô! : )
Mostro aos meus outros amores, pra fins de registro e amizade, o meu amor por você.
Juntos, somos um terceiro, diferente, único e que nunca deve deixar de ser cuidado. Somos os pais deste nosso fruto e, portanto, os responsáveis por tudo o que lhe acontece.
Cuidemos, portanto, deste nosso Presente com todo nosso carinho, gratidão, dedicação e com as bênçãos dos nossos amados (muito, muito, muito amados) amigos e amigas do Cosmos e Damião.
Suas bênçãos!

Numa segunda-feira, de um mês de maio, de uma lua bem, bem cheia – depois de um dia que, pelo triste e pelo feliz, jamais devemos nos esquecer. Amo muito, muito, muito você, meu presentinho de Deus! 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Eu sou SCAMBO!!

Prefiro seguir o meu Anacronismo
Do que tolir minha existência
Prosseguir com a tendência
Desconsiderar a minha vontade
Desacreditar naquilo que penso
E me contentar com meias verdades

Sendo assim, sigo assim
Fora de Moda,
Fora do Eixo,
Fora do Mundo.
(J.P. Carvalho)

terça-feira, 1 de maio de 2012

Da série: Recantos da Bahia

Na Madalena revi teu nome Na Boa Vista quis te encontrar Rua do Sol, da Boa Hora Rua da Aurora, vou caminhar Rua das Ninfas, Matriz, Saudade Da Soledade de quem passou Rua Benfica, boa viagem Na Piedade tanta dor Pelas ruas que andei, procurei Procurei, procurei te encontrar Lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, eia Lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, lai. (Alceu Valença)

domingo, 29 de abril de 2012

A dança de Shiva

Dançai a Shiva, nem que seja para lhe nutrir a terra
...quem sabe a massa cinzenta!

Dançai ao mundo despertando risos
o caminho é de alegria.

Escute e silencie,
observe,
são todas as mesmas danças.

Sim, com outros nomes, outros ritmos, outros passos e passistas...
mas no fim, é tudo dança
é tudo uma vida
pungente e pulsante
a se desvelar.

Dançar então, ao amanhecer!

quinta-feira, 26 de abril de 2012




"It's a long road

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor

No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca"

(Caê)

Cajueirando...

Muito obrigado a vocês que me botaram nesse mundo! Só tenho a agradecer a vocês! Aliás, não tem nada a ver com o que está imaginando. Não digo de um fatídico nascer...estapafúrdio nascimento...na copa de uma árvore, cajueirando...gastamos o nosso tempo. Quanto tempo bem gasto! Encontrou alguma coisa lá em cima? Um sinal de antena ou um bicho preguiça? Passa aí, também quero o sabor... pois é amor! Hahahahaha...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rabiscos




Emoções - rabiscos de raio de sol,
Impossível tradução.
Efeitos de luz e de amor.

Iluminação serena e tranquila do dia-a-dia vivido de paz.
E o bem, sem rosto, sem cor.
Apenas bem, bem-querer.

terça-feira, 24 de abril de 2012




A força maior está presente
e me presenteou com a vida.

***

Dizer ao coração: calma!
Fique aí na sua e continue seu trabalho...
Inspirar um pouco do prãna da manhã, devagar e profundamente.
Soltar os ombros endurecidos e doloridos, e caminhar no sentido da mais profunda tranquilidade.
Mesmo tendo que buscar, percorrer, subir e escalar, compreender que a casa é a pausa, o repouso, o parado.
Nada na frente, nada atrás, nada em cima, nada em baixo: o ponto de equilíbrio é o meio imóvel e sossegado.
Às grandes questões: o seu tempo.
Aos imensuráveis conflitos: a autopacificação!
Não há uma linha de chegada, mas uma coordenada muito, muito específica.
A latitude é dada pelo amor tranquilo, a longitude é fornecida pelo silêncio consciente.
Juntar os dois dados, largar toda e qualquer bagagem, e caminhar com a mais profunda fé no caminho da Luz... Sempre!


domingo, 22 de abril de 2012




"O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto - é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver."