quarta-feira, 27 de junho de 2012

A uma mulher



Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.

Vinícius de Morais

2 comentários:

  1. "Sei lá, sei lá
    A vida é uma grande ilusão
    Sei lá, Sei lá
    A vida tem sempre razão

    A gente nem sabe que males se apronta
    Fazendo de conta, fingindo esquecer
    Que nada renasce antes que se acabe
    E o sol que desponta tem que anoitecer
    De nada adianta ficar-se de fora
    A hora do sim é o descuido do não"

    Vinícius de Morais

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