O amargo sabor do cipó,
Do mais depurado pó,
Combinado com a bolha pálida,
Que escorre da folha árida,
Dando nó no orvalho descansado,
Desata a placenta flácida que se rompe,
Abre as portas da percepção,
E desperta no imaturo,
O prazer duro,
De respirar ar,
A anciedade de se acalmar,
E a certeza da inexatidão.
O amargo sabor do cipó,
O que escoa da barracheira,
Apresenta o tato,
Num dado toque de dedos,
Revela a descoberta,
Da existência,
De um mundo novo,
Por debaixo da coberta.
O amargo sabor do cipó,
Que dilata a pupila da verdade,
Que dá asas a realidade,
Te fornece a percepção,
Num surto de consciência...a noção,
De que tudo poderia passar,
E mesmo estagnado,
A sensação de tempo aproveitado.
O amargo sabor do cipó,
Que do tronco,
Extrai a força desconhecida,
Te permanece ereto,
Na direção da luz perseguida,
E aceita a dor,
Como uma flor,
Que se merece, mas se esmorece.
O amargo sabor do cipó,
Que trava a língua,
Liberta a mente,
Não desmente,
Tudo que Caetano já dizia.