A Babilônia (Matrix, Máquina, Sistema, Império ou qualquer nome que se queira dar) não pode ser reconhecida fora de nós mesmos: não é a imensidão das megalópolis, não é o Estado e não são as grandes empresas.
Trata-se da cultura que alimenta estes elementos citados acima.
É o sentimento que nos faz acreditar que "lá em cima" seríamos mais felizes. Dentro daquele lindo carro seríamos mais felizes. Donos daquele gordo salário a vida seria mais interessante.
É uma doce, mas devastadora ilusão.
A Babilônia é o laço que escraviza tanto patrões, quanto empregados, tanto exploradores, quanto explorados.
Dentro da Babilônia, todos são peças. O máximo que se consegue ser é uma peça "bem posicionada" na máquina (uma peça bem sucedida).
Mas peça é peça, não é pessoa, não é ser, não é vida livre.
A Babilônia cai no instante que deixamos de reproduzi-la. Derrubamos a Babilônia quando oferecemos a outra face a quem só espere revide. Saímos da Babilônia no instante em que percebemos que ser vencedor é continuar no jogo. Paremos de jogar e o jogo acaba.
Rafael Figueiredo, janeiro de 2014
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Doce Encanto da Palavra
Doce encanto da palavra
Que encanta o meu coração
É o som da natureza tocando a emoção
Apenas poder estar vivo sentindo a sensação
Que é pela simplicidade que tudo tem solução
Que encanta o meu coração
É o som da natureza tocando a emoção
Apenas poder estar vivo sentindo a sensação
Que é pela simplicidade que tudo tem solução
terça-feira, 13 de agosto de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
domingo, 19 de maio de 2013
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Uma grande angular
Vejo o lado, acima e atrás
Pela lente do amor
Sou capaz de enxergar
Toda moça e todo rapaz
Pela lente do amor
Vejo tudo crescer
Vejo a vida mil vezes melhor
Pela lente do amor
Até vejo você
Numa estrela da Ursa Maior
Uma grande angular
Vejo o lado, acima e atrás
Pela lente do amor
Sou capaz de enxergar
Toda moça e todo rapaz
Pela lente do amor
Vejo tudo crescer
Vejo a vida mil vezes melhor
Pela lente do amor
Até vejo você
Numa estrela da Ursa Maior
Abrir o ângulo, fechar o foco sobre a vida
Transcender pela lente do amor
Sair do cético, encontrar um beco sem saída
Transcender pela lente do amor
Do amor
Transcender pela lente do amor
Sair do cético, encontrar um beco sem saída
Transcender pela lente do amor
Do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Pela lente do amor
Sou capaz de entender
Os detalhes da alma de alguém
Pela lente do amor
Vejo a flor me dizer
Que ainda posso enxergar mais além
Pela lente do amor
Vejo a cor do prazer
Vejo a dor com a cara que tem
Pela lente do amor
Vejo o barco correr
Pelas águas do mal e do bem
Mostrar ao médico, encarar, curar sua ferida
Transcender pela lente do amor
Cantar o mântrico
Pagar o kármico na lida
Transcender pela lente do amor
Do amooooooooor <3
Sou capaz de entender
Os detalhes da alma de alguém
Pela lente do amor
Vejo a flor me dizer
Que ainda posso enxergar mais além
Pela lente do amor
Vejo a cor do prazer
Vejo a dor com a cara que tem
Pela lente do amor
Vejo o barco correr
Pelas águas do mal e do bem
Mostrar ao médico, encarar, curar sua ferida
Transcender pela lente do amor
Cantar o mântrico
Pagar o kármico na lida
Transcender pela lente do amor
Do amooooooooor <3
terça-feira, 14 de maio de 2013
sábado, 4 de maio de 2013
Pés e mãos
"Não basta ser beija-flor e viver na altura dos nossos sonhos
Não basta ter o coração em chama de larva dourada
As mãos e os pés necessitam dançar a valsa da terra molhada, do chão pisado e batido
Lá, das profundezas do magma dourado
A mãe antiga abençoa cada destino, de cada filho teu:
Segue menino broto dourado, seus pés descalços são para criar raízes em mim,
Suas asas são para tornar-te pássaro, quando necessário for, beijar as estrelas.
Assim, idéia e ação, mente e coração, asas e sandálias, pés e mãos,
Orientam os nobres filhos de deus a tecer a encantada e misteriosa rede da vida.
Um sem o outro é ponto, um com o outro é linha a ser tecida de possibilidades infinitas...
Criamos em ninhos dourados no alto dos nossos sonhos aquilo que nossa mão toca e vira ouro
Vivemos as estórias das nossas próprias bonecas de pano, em vida!
Assim, de lá e de cá, do alto e de baixo, da raiz e dos galhos
Dessa força alquímica profunda de sorrir e de chorar, de parir e erguer-se, de tocar e pisar, de pensar e sentir
Nasce a certeza de que o caminho dourado se faz na medida em que cada ponto e linha
Dessa grande colcha tecida e bordada da vida,
Contém o néctar de nossas flores dalma desabrochadas
Para servir ao nosso máximo propósito: virar flor para doar-se mel e receber do sol dourado,
O amor de deus pai e da deusa mãe - bicos de beija flor e zunidos carinhosos de abelhas."
(Decio Vianna)
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Transbordem de amor, como eu transbordo de Maiakóvski em "Comumente é assim"
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha. Vladimir Maiakóvski
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha. Vladimir Maiakóvski
Transbordem de amor, como eu transbordo de Vinicius em "O haver"
O Haver
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
essa intimidade perfeita com o silêncio.
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo.
Perdoai: eles não têm culpa de ter nascido.
Resta esse antigo respeito pela noite
esse falar baixo
essa mão que tateia antes de ter
esse medo de ferir tocando
essa forte mão de homem
cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade
essa economia de gestos
essa inércia cada vez maior diante do infinito
essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons
esse sentimento da matéria em repouso
essa angústia da simultaneidade do tempo
essa lenta decomposição poética
em busca de uma só vida
de uma só morte
um só Vinícius.
Resta esse coração queimando
como um círio numa catedral em ruínas
essa tristeza diante do cotidiano
ou essa súbita alegria ao ouvir na madrugada
passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
essa imensa piedade de si mesmo
essa imensa piedade de sua inútil poesia
de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
de pequenos absurdos
essa tola capacidade de rir à toa
esse ridículo desejo de ser útil
e essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade,
essa vagueza de quem sabe que tudo já foi,
como será e virá a ser.
E ao mesmo tempo esse desejo de servir
essa contemporaneidade com o amanhã
dos que não tem ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar,
de transfigurar a realidade
dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é
e essa visão ampla dos acontecimentos
e essa impressionante e desnecessária presciência
e essa memória anterior de mundos inexistentes
e esse heroísmo estático
e essa pequenina luz indecifrável
a que às vezes os poetas tomam por esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
na busca desesperada de alguma porta
quem sabe inexistente
e essa coragem indizível diante do grande medo
e ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer
dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
de refletir-se em olhares sem curiosidade, sem história.
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho,
essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável.
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
e esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte
esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada,
ela virá me abrir a porta como uma velha amante
sem saber que é a minha mais nova namorada.
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