Mora em mim uma mulher vadia
De pé, vazia
Sozinha na estrada, na esquina
Com frio e quase desnuda
Corpo tão maltratado que quase não sente a dor de ser
Mora em mim uma mulher violentada
Corrompida
Invadida em seu templo, sua casa, sua morada
Ferida na pele e na alma
Por séculos de submissão
Mora em mim uma mulher sertaneja
Carne feita de sol
Pés como raízes, firmes na terra
Ela é filha do fogo que habita o centro do planeta
e de mim mesma
Mora em mim uma mulher que colore
os quadros, os muros, o ar, as fronteiras.
Inquieta, vívida, cabelo de flor.
Sua arte é santa e puta.
Sua vida é de mel e sangue.
Mora em mim a dona dos raios e trovões
Dos ventos que derrubam sonhos
E fazem dançar as árvores mais ancestrais
Porque é ela quem anuncia a guerra
Daqueles que lutam na escuridão da madrugada
Mora em mim a rainha de toda fertilidade
De toda vaidade
E da calma das nascentes dos rios
Se pavão, esbanja beleza.
Se urubu, voa rumo ao infinito.
Moram em mim todas as mulheres do mundo:
E todas elas são mais fortes do que eu.
Muito, muito lindo! :)
ResponderExcluirEscrevendo da casa de Cotra, 2 e 30 da manhã, logo após o Estrela :D
Saudade de você na sessão de hoje (e de Juki também :)
Beijo no coração! :D
muito bom!!!
ResponderExcluir- uow...todas elas são fortes como você!
- saudades também na sessão! (e de Juki também) [2]
Três beijos