quarta-feira, 27 de junho de 2012
A uma mulher
Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.
Vinícius de Morais
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Velha história
Rio de Janeiro
Depois de atravessar muitos caminhosUm homem chegou a uma estrada clara e extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias…
Os únicos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele perscrutou o horizonte
E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
Ele perscrutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.
E o homem se lembrou dos outros caminhos.
Eram difíceis, mas a água cantava em todas as fontes
Eram íngremes, mas as flores embalsamavam o ar puro
Os pés sangravam na pedra, mas a árvore amiga velava o sono.
Lá havia tempestade e havia bonança
Havia sombra e havia luz.
O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si
E voltou.
Vinicius de Moraes
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Arte
Sem as cores inventadas sem qualquer finalidade, o mundo
perde seu espírito.
Sem a arte, o sentido fica perdido.
A piada, pouco engraçada.
O caminho se torna duro demais, pesado demais e muito
confuso.
A loucura passa a ser vista com um estado clínico.
O planeta, ao invés de uma bola azul gigante rodopiando no
infinito, ganha este nome: planeta.
Uhmmm... Sem graça... Sem vida...
Ahh... que chato!
Não, não, a arte não é um dom, não é um ofício, não é um misterioso
conhecimento secreto dos escolhidos.
A arte é um estado de graça.
É uma específica forma de fazer, viver, pensar e enxergar o
mundo.
Faz dos processos danças sem qualquer sentido.
Nada vem depois, pois o espetáculo é agora.
É o se ver como um ator ou atriz num lindo e único drama
(com começo, meio e fim).
Se o espírito toma a forma de artista, então a vida ganha
forma de tela.
Os problemas, os corações partidos, os desafios da vida
diária se mostram como atos de uma peça teatral: não existem para atrapalhar,
mas para dar sentido ao enredo.
Nem o músico, nem o pintor, nem o poema, o artista é apenas
aquele que escolheu viver com arte.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
DIA DOS NAMORADOS
Em homenagem ao dia dos namorados !!!
É uma poesia !!!! ;D
Altas horas da manha meu telefone chama;
Ela(e) ligou só pra dizer que também me ama;
No meu bina aparece o nome de um(a) amigo(a);
Foi o jeito que eu achei pra não correr perigo
Imagina como fica minha situação;
Convivendo com as(os) duas(dois) no meu coração;
Um(a) puxando conversa e a(o) outra do meu lado
Eu disfarço com um sorriso e digo que ligaram errado
E todo dia é a mesma historia;
Quando desligo eu sei que ela(e) chora;
Meu corpo está na cama e o pensamento está com ela(e)
E desse jeito eu vou levando a vida
Tentei de tudo e não vejo saída
Matriz e filial as(os) duas(dois) eu amo igual;
Não sei o que fazer;
Fazer o que, fazer o que...
Bola pra frente a vida continua;
Fazer o que, fazer o que...
Não tenho culpa de amar as(os) duas(dois)
domingo, 3 de junho de 2012
Vi tanto rio seco,
tanto chão sem verde...
tanto pedaço de terra sem "frôr"
que senti foi dentro de mim saudade
Pedaços de gente faltando...
música brega ressoando na cabeça
vontade de um abraço que é só seu
só ocê sabe me dar...
era assim que o meu rio corria
com o rumo certo dos braços teus
Teu abraço me apertava tanto,
chega tirava o ar
secava a tristeza, tal qual o rio do meu sertão...
Mas de tanto tempo passado, tantas águas passadas
correntezas de Heráclito
Foi teu curso que voltou pra mim é?
E trouxe essa saudade
essa tristeza
essa falta de braço circundando o meu corpo
estralando as costelas
apertando as frestas dos meus defeitos?
Eu repito, é brega...
sentir seu cheiro do nada...
Eu, que não me deixo impressionar por nada
sou feliz só de saber que vc existe.
E nada mais,
não preciso de você do meu lado,
não preciso aprofundar o pensamento
por que é assim, o que é, e já foi, não há de deixar de ser...
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