"O que vai fazer Maria?" - pensava; mesmo não sabendo sequer o título do quadro, muito menos a graça da vista mulher (se é que a artista a batizou) criei hipóteses, situações, dúvidas...
"Por que vai se matar Maria?" - foi a primeira pergunta que lhe fiz.
Mas vejam só! Por que seria eu tão imediatista? Aprendi tanta coisa e com tanta gente, destilei sobre assuntos pobres, sustentei teorias do nada, inverti a ordem das coisas, das cores. Por que seria eu tão imprudente com este quadro?
Maria criou uma performace, coisa improvisada, irá representar para nós. Maria tem vergonha, mutilada pela guerra dos outros, vive porque gosta de comer doce de batata. Maria é um rosto calado, se enfurna em porões, espera o ar limpar lá fora. Maria ia até se matar, mas desistiu, não sei porque...
Perceberam? Não quero deixar de ter essas outras percepções, não importa que sejam duros julgamentos ou ingênuas pretensões, só quero que sejam muitas. É que as vezes, não apuramos o olhar pra um monte de coisa, isso quando não teimamos numa verdade absoluta que nos cega (deixai vir as abstrações).
E você o que enxerga?
*da imagem só sei que é da Maria Madalena, artista plástica timorlense, apresentada a mim (o quadro não a artista é claro) pela amiga Suelma Costa.
A arte tem a ferramenta da reflexão. Há uma mesinha também, a direita, com uma mamadeira, porém não há criança e parece que a mulher é mutilada de uma perna.
ResponderExcluirAbraço. Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Ao fundo há uma porta: entrada ou saída?
ResponderExcluirMas não consigo raciocionar agora, porque meu CÓRTEX tem acento no "o". Esse acento no "e" só me lembra Jontex...
O lado esquerdo do meu cérebro vê uma mulher, uma mamadeira, uma corda... e fica procurando algum traço de lógica no quadro: ele só se sente confortável quando acha alguma lógica. Mas este quadro é feito pelo direito, por uma mulher, então só este lado terá alguma chance: ele vê um quadro, cores, sentimentos, dor e nenhuma explicação. Apenas uma sensação.
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ResponderExcluirPeço-lhes que não comentem sobre o assunto que agora comentarei. Só o faço porque detesto mau gosto. O segundo comentário é tão covarde e mesquinho que me ponho a este revide. O tópico nos traz uma proposta de uma semiótica nômade e libertária.Mas o 2º comentário é tão localizado e rasteiro que dá pena da figura que escreveu. O próprio, que com tanta vergonha da sua tacanhês necessita utilizar a máscara no anonimato. Michel Foucault estava certo quando afirmou que toda paranóia fascista, centralizadora, paranóia de imposição de uma ordem ou norma estará no cotidiano travestida em máscaras do anonimato, diluída ao nível mais capilar. Prefiro a máscara escarlate do quadro à máscara cinzenta do comentário anônimo. Estudei gramática no ermo do mundo e aprendi o quanto as regras são frágeis, sempre fadadas ao fracasso nos seus projetos de impor “a conduta beatificada”. Principalmente a regra de acentuação das paroxítonas, não existe coisa mais tosca. E Vossa Senhoria não consegue pensar só pelo fato do acento ter saído do lugar ? É duro! Infelizmente, tem sujeitos que só pensam pela kbça onde se coloca a Jontex.
ResponderExcluirKelly, tão belo o quadro e tão provocativo o texto. parabéns! Pra quem não conhece, Kelly é a figura com a maior sensibilidade e inteligência que conheci(ou mal conheci)nestes últimos anos. Ao pobre anônimo, para retribuir a sua dica mesquinha eu indico Aula (um livro de Roland Barthes) para deixar de morrer de amor pelos códigos, Água Viva (de Clarice Lispector), além de ir até a ladeira da piedade pra perceber o quanto aquela gente se comunica bem.
Sem me ater as polêmicas como bem pediu jaja.
ResponderExcluirMaria só dizia: "Deixa eu brincar de ser feliz e pintar o meu nariz."
Maria; sofreu um acidente, perdeu uma perna e vive feliz num "beco" acompanhada somente de um ente: a solidão. Solidão acompanhada. Maria esta noite fugiu, fugiu do seu ser, tomou uma garrafa de "sminof red" (como simbolizar formalmente "sminorf" , blah!) e recebeu um grande convidado. O convidado prontamente saiu depois de uma noite orgástica e maria se vestiu, se vestiu com sua máscara e registrou o seu momento em um auto-retrato. Maria Maria, grande figura.
Ps: vale ressaltar a reboladinha que ela deu ao tirar a foto. Devia estar a ouvir o parangolé também !
ResponderExcluirE não devemos nunca deixar de ter essas ou outras percepções, elas nos embalam...O nosso olhar 'viciado' e 'preocupado' com a 'verdade' deve ser sempre livre, leve.
ResponderExcluirSim, deixaremos vir as abstrações!
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ResponderExcluirE já que a ordem é abstrair...
ResponderExcluirVejo que Maria aproveitou a ausência da criança, que talvez fosse sua, ou não, para acabar com sua dor. Maria escondeu seu rosto apenas por vergonha daquele pequeno ser que em breve retornaria. Naquele momento se sentia a mulher mais corajosa do mundo.Maria se foi.
Só ficou a ponta do dedo amarela!
ResponderExcluirnão fala de maria, maria lembra mar, que lembra aquele dia, que não é bom lembrar.
ResponderExcluirmuito bom, kelly!
é importante conter a ânsia de nexo do lado lógico do cérebro. belo quadro, bela maria, belas palavras.
o que mais chama minha atenção é a mancha de sangue na barra do vestido.
quem é maria? eu, você? nós todas?
Ou "todos".
ResponderExcluir"Maria" me parece um homem vestido de mulher.
jajá pediu para não comentar sobre o polêmico acento, nesse caso, considero que só a autora poderia revivar este assunto. mas não faço idéia de onde ela está, acho que ficou lá naquele dia 23. ouvi um dia mariana aydar dizer que não é ela que escreve suas músicas, mas um ente que a toma, ela chama de kavita.
ResponderExcluire ainda... tenho uma estranha mania de postar no blog e não voltar para ver os comentários. estranho mesmo, porque deixei-lhes uma questão, pedi percepções - era natural que voltasse aqui.
não sei qual é o medo; ou eu devo ter esquecido; ou devia estar mesmo tomada por um ente (aquele que escreveu o texto) que nunca mais retornou... só a ele interessa suas respostas, não a mim.
Camila pensei muito perto disso - talvez a artista não quisesse dar um nome a mulher no quadro... representava ela, a personagem, tanta gente nesse mundo.
ResponderExcluirMaria tinha um elefante, um coelho e um cavalo. Ia levá-los para um passeio, por isso a corda. O vestido amarelo e o saco vermelho na cabeça eram só um disfarçe, queria passar despercebida por entre os girassóis do bosque, desculpa para ver o seu amor que morava logo ali atrás da ponte de libélulas. Mas justo vermelho, Maria?
ResponderExcluir- É, vermelho. Se quiser passa lá em casa que eu te explico.
Pra mim, aí é o Saci-Pererê querendo pregar uma peça em alguém. Roubou um vestido, rasgou um saco, tascou catchup nele, e meteu na cabeça.
ResponderExcluirEsse Saci...