quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Aqui na minha vila...

Aqui na minha vila ninguém fala jamais. Meu pai, o delegado, foi quem determinou. Disse certo dia: a partir de hoje jamais se voltará a pronunciar, escrever ou pensar em jamais. Ninguém questionou, pois era uma ordem muito clara e nunca se contrariava meu pai.

Não sei explicar direito o porquê, mas depois deste dia coisas estranhas aconteceram: cegos começaram a pintar lindos quadros, surdos montaram banda de música, Jorginho – o menino mais feio daqui – beijou Luana, Miriam e Isabel, Maria deixou o prefeito e fugiu com Norma, Felipinho – o doido – começou a ser entendido, explicando inclusive os mistérios mais difíceis, que nem os padres, advogados e médicos entendiam.

Tudo ganhou um estranho ar de possibilidade.

12 comentários:

  1. duvido. soa até bonito mas aposto que iam dizer "nunca" ao invés disso, ou "impossível", "não rola", "desista", "não dá" e por aí vai.
    mas tá bom, digamos que todo tipo de negação estivesse vetado. porque só coisas boas e fascinantes aconteceriam? o que ia rolar de assalto, vilipêndio e essas coisas caóticas não ia caber no gibi. no mais, essa decisão contraria o próprio enunciado. afinal JAMAIS pode-se dizer "jamais"...
    mas de qualquer forma, essa é só a minha opinião, e não quero nem de longe contrariar sua ideia, afinal, o texto e o blog são seus e vcs tem todo direito de escrever o que lhes derem na telha =)

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  2. afemaria... jogaram uma pedra na gelatina.


    Que texto lindo, Rafa. Bom até de se ler pra criancinhas, parece uma canção de ninar.

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  3. poesia não se contesta.

    você jamais devia ter dito isso.

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  4. "poesia? onde?"

    Na sua vida é que não deve ser...

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  5. isso mesmo, exerçam a liberdade de expressão que vocês tem! me critiquem, me elogiem, me ignorem, eu assim o fiz! :)

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  6. leia lá em cima a proposta do blog.

    "Aqui é o universo do que não se vê, nem se toca, nem se mexe. É o universo do que se sente. É nossa clareira na floresta. Nossa praia na lua cheia. Tudo que se pensar sem pretensões. Nosso muro das abstrações."

    guarde sua opinião panfletária lógico-formal pra você, pq se não a brincadeira PERDE A GRAÇA entendeu? não é que você não possa falar o que sente a respeito, você pode sim, mas dentro da proposta desse blog. todo mundo é bem vindo aqui, inclusive você, mas você tem que "entrar no espírito", entendeu? você pode discordar, todo mundo discorda aqui, mas da forma que esse blog propõe.

    deixe o palavreado difícil e a lógica e a "competição ideológica" fora daqui. já temos todos isso tudo no nosso dia-a-dia. esse blog é um um chalezinho pra os que vem aqui. não "viole o santuário" dessa forma :)

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  7. "fico pensando no que te levou a escrever isso, pois parece experiência própria...
    eu há anos atrás cheguei a uma conclusão semelhante, a partir de um acontecimento tão simples: observar meu apartamento num horário do dia em que eu raríssimamente estava em casa. foi uma calma tão imensa que senti, e pensar que aquilo era sempre assim, enquanto eu trabalhava, estudava, me estressava e me deprimia... percebi que muitas vezes encurtamos nosso mundinho só ao nosso redor e deixamos de ver a maravilha que está logo alí adiante, condenando o todo por causa de uma parte ínfima..."


    tá vendo? você que escreveu isso. isso é o cosmos e damião :D

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  8. sacanagem hein, eu escrevi isso em outro (no seu) blog :P
    mas tá certo, pessoal, desculpa aê viu, serei um bom menino agora e sempre que atravessar a rua olharei pros dois lados...

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  9. Pode atravessar a rua pra outra rua distante também.

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