É praticamente consenso ser contra o sacrifício de animais em rituais das religiões afro-brasileiras.
Esta quase unanimidade deve-se ao forte preconceito que estas religiões despertam na maioria das pessoas. Na minha quarta série havia uma garota umbandista* e eu era uma das únicas a não temer conviver ao seu lado “- Eu não, ela é macumbeira” – diziam os alunos.
Evangélicos e católicos (em geral, espíritas são mais esclarecidos) pregam o medo ao desconhecido associando os Orixás a algo extremamente nocivo, sem ao menos sugerir uma pesquisa para melhor compreensão das múltiplas formas de fé.
Tupã ou Iansã?
Negras e índias são vistas como “serviçais” enquanto ao índio e o negro são chamados de “preguiçosos”, a fé professada por quem colonizou é a norma. Os ritos são vistos com desdém por quem dança “na presença do espírito santo”, quem não conhece alguém que teve medo de passar ao lado de um despacho?
Construiu-se esta imagem d@ negr@ mal intencionad@ que por uma oferta de sangue alcança seu pedido “não civilizado”, “brutal” e “bizarro”. Este preconceito racial fica ainda mais evidente quando classificam em “Magia Negra” e “Magia Branca”.
Criar/comprar uma galinha e matar para um Orixá é crueldade?
Comer canja é justificável sob qual ótica?
É mais fácil lutar contra a prática de uma religião que sempre foi vista como “selvagem” que admitir a manutenção de uma indústria da eploração humana e animal: A pecuária.
Na cantina da sua igreja vende coxinha?
disponível em http://www.aqueladeborah.wordpress.com
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*a umbanda é uma corrente de sincretismo que não faz uso de animais em seus ritos.
Seu senso crítico é a expressão de alguém que percebe além do que está explícito.
ResponderExcluirA incoerência é uma marca do dia a dia de muitas pessoas que olham a vida com olhos viciados pelas normas pré-estabelecidas.
Parabéns pelo seu artigo. É pertinente.
Rafa, cê acha o quê do tema?
ResponderExcluirPra Manoel Jorge, é contravenção penal: "tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo", art. 64 da LCP.
ResponderExcluirPra Samuel Vida, é exercício da liberdade de culto.
E aí?
Eu fico me perguntando como fica o art. 64 da LCP diante dos abatedouros...Esse nosso direito...
ResponderExcluirRealmente os animais são submetidos diariamente a sacrifícios e a trabalhos pesados.Fico muitas vezes penalizada quando vejo um burro de carga que ainda apanha para andar depressa. É uma incoerência! É um sacrifício diário e itinerante. ´
ResponderExcluirA lei deveria ser mais clara a respeito.
O assunto é polêmico!
O olhar crítico da autora do texto traz uma discussão pertinente.
O sacrifício de animais, para o direito, pode ser encarado pelo viés da contravenção ou da liberdade de culto, que, claro, adotada em absoluto, excluiria o caráter de contravenção. Porém, sabe-se que a liberdade de culto, apesar de insculpida em lápide constitucional, não se manifesta absolutamente. Adotando-se em uma nação uma legislação que combate maus tratos e mortes dolorosas aos animais, a sua morte dolorosa deveria ser banida em todas as esferas: abatedouros, centros de pesquisas, centros de zoonose e também nos cultos.
ResponderExcluirMas, há maldade e maus tratos no confinamento dos animais e nos rituais? Presume-se que haja e, efetuada a constatação, deveria vir a proibição, porque o que se tipifica é o mau trato e não o sacrifício em si. Proibindo-se puramente o sacrifício, há violação legal à liberdade de culto. Se o fundamento da proibição vem de comprovados maus tratos que por ventura houvesse nos preparos e durante os rituais, há uma ponderação muito razoável do princípio da liberdade de culto, forçada por interpretação sistemática e lógica da ordem legal. Particularmente, entendo que há maus tratos e morte dolorosa, sim. Por mim, os sacrifícios são proibidos. "E os abatedouros?" - dirão os apegados às matanças em nome de "deus". Legislação para regulamentá-los há e a sua não aplicação não legitimaria, legalmente, a continuação dos sacrifícios.
Sustentados em que muitos adotam a visão da proibição dos sacrifícios em razão de maus tratos? Em preconceitos, apenas.
Não vejo, em muitos gritos de repúdio, coerência e sinceridade de alma. Mais fácil repugnar a matança por não simpatizar com a crença, levantando a bandeira de bondade e benevolência com os amiguinhos animais e continuar comendo a coxinha da cantina, do que parar e refletir: "caramba, eu também os sacrifico diariamente", reconhecendo a fragilidade de suas verdades religiosas e toda a incoerência gerada por crenças e mais crenças. E essa fuga da verdade é o que muitos de nós procuramos e realizamos a cada momento.
A não violência está presente na construção de diversos sistemas religiosos. No hinduísmo, a vedação ao uso comestível de animais manifesta-se quase que expressamente em razão dela. Em sistemas cristãos (onde encontramos ferrenhos opositores dos sacrifícios) também há como se constatar a construção de uma não violência para com os animais, mas, deturpados que são em tantos pontos ou mesmo não iternalizados, contribuem apenas para o aumento dos atritos e manutenção de toda esta incoerência. A verdade vai para o espaço e se perpetua essa desarmonia universal das coisas.
(Patrick - "bob")
"presume-se que haja" é foda, hein???
ResponderExcluirpresume-se???? como pode afirmar isso?
"presume-se" não existe, não é fato.
que legista é esse!!!