Hoje percebi o ciclo da vida que existe em cada árvore desse planeta. Entendi que a natureza é tão sábia que criou, para cada ser vivo dessa terra, um ciclo de vida. E todos seguem um padrão iluminado.
Hoje percebi o ciclo de vida de uma árvore, e como cada pedacinho desse ciclo e do mundo representa a mesma força: seja grande, universal; seja pequena, diminuta, quase invisível – mas nunca insignificante. A mesma força em cada vida.
Hoje percebi a função das raízes, do tronco, dos galhos, das folhas, das flores e dos frutos em uma árvore e em qualquer vida (as nossas vidas).
As raízes. (Não começarei pela semente.) Embaixo da terra, conectadas diretamente com a própria mãe, sendo parte dela e se alimentando dela. A força das raízes é a força de quem está abraçada com sua mãe, seu divino, sua natureza; e diz ao resto da árvore: “prossiga, cresça, ganhe mundo; nossa mãe está conosco”. E a pachamama acolhe, dá sustentação, dá equilíbrio e nos faz sempre lembrar de onde viemos e para onde vamos, nos faz lembrar dessa força universal (muito maior que nós) que nos contém e está contida em nós; nos faz lembrar que somos apenas uma gota nessa força oceânica.
O tronco. É a força para crescer. É a força para deixar o chão, deixar a proteção da mãe, afastar-se da terra para ocupar o ar... O ar, esse pai imenso, que nos dá liberdade para expandirmos, ganharmos espaço, lugar no mundo. E quando estamos suficientemente crescidos, na medida de nossa segurança com a terra, abrimos os braços e começamos a nos abrir para o mundo.
São os galhos. Se espalham, descobrem novos lugares, ocupam novos espaços, passeiam pelo ar. Vão de um lado a outro, crescem em distintas direções, exploram o céu. E junto com isso surge a vontade (e a necessidade) de ser planta.
Precisamos respirar. O alimento vem da terra, mas a respiração vem do ar. Duas energias que se complementam e são igualmente necessárias. Quando a mãe já não dá conta de abastecer toda a planta, o pai dá o ar, outra energia, outra forma de se manter vivo – já que crescer é tão necessário. E a folha é o instrumento, é aquela que receberá a chuva, a carícia do vento, o calor do sol; e fará a fotossíntese, e respirará, e manterá todo o ser vivo. A folha é aquela que transformará o ar em alimento, transformará a natureza exterior em alimento; dando-lhe em troca o seu equilíbrio.
E então surge a vontade (e a necessidade) de florir... Estamos vivos, crescemos e exalamos vida, conseguimos nos manter vivos. Pois é chegada a hora de reproduzir. Já é hora de se multiplicar, de continuar o ciclo da vida em outras vidas; é hora de florir. E a flor surge em meio às plantas, em um caule que poderia ter sido folha, mas escolheu ser flor. E ela vai surgindo aos poucos, no começo esquisita, sem muita forma, sem muito sentido; depois se abrindo devagarzinho, no tempo da natureza, conhecendo o mundo sem pressa, se expandindo com paciência e sem pudor. De repente é flor: colorida, esbelta, charmosa, linda, feminina; mulher. Colore o mundo, nos presenteia aos sentidos uma sensação nunca antes sentida, nos dá prazer. E através dessa beleza, desse prazer, desse sexo, desse orgasmo, a flor nos convida à reprodução. Depois de reproduzida (ou não) ela cai, volta para a terra, de onde veio, para voltar a ser energia que alimenta a árvore e a vida.
Então nasce o fruto. O bendito fruto do vosso ventre, Jesus. A semente divina guardada no meio de toda doçura do mundo: o amor. O óvulo de vida coberto pelo mais doce alimento, o mais puro dos sentimentos, a mais alegre das energias. O fruto nos sacia a sede, nos mata a fome, nos dá amor. O fruto nos lambe a boca, nos escorre pela cara, nos enche de líquido com sabor a felicidade. Bendito fruto do vosso ventre! O primeiro filho daquela energia-árvore, irmão de tantos outros que virão. O fruto é a nossa fé. O fruto é a nossa fé na vida, sustentada e protegida pelo amor. O fruto é fé e amor (não podem ser concebidos separadamente). O fruto é carne e semente; é amor e a pretensão de ser vida, de um dia poder ser árvore nova, de dar luz a um novo ciclo. E o fruto também é prazer, também nos faz sentir algo nunca antes sentido, também nos mata a fome e nos alimenta, nos dá energia (a mesma energia que vem do nosso ventre). Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. O filho de Maria, o filho de José, o filho de Deus. O fruto dessa humanidade, dessa história, dessa natureza. O amor, enfim, transformado em vida.
Texto de estréia no Cosmos :) Espero poder contribuir!
ResponderExcluirQue lindo, Liloca! Me arrepiei em vários momentos do texto kkkkkk
ResponderExcluirNa sessão de sábado, no finalzinho, apareceu um bebezinho tão lindo. Tive muita vontade de tocar nele, mas como um gesto de devoção à vida, ao fruto, ao bendito do fruto da vida, à renovação que enche o mundo de esperança e alegria.
Um viva a Mãe, o Pai, a Raiz, o Tronco, o Galho, a Folha, a Flor e o Fruto! :D
E seja bem-vinda ao Cosmos, do "...universo do que não se vê, nem se toca, nem se mexe. É o universo do que se sente. É nossa clareira na floresta. Nossa praia na lua cheia. Tudo que se pensar sem pretensões. Nosso muro das abstrações." :D
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue lindo, Liu! Fiquei emocionada! Me remeteu ao momento da sessão desse sábado que tocou "árvore" e eu senti muito tudo isso. Fantástico. ;)
ResponderExcluir"Vem me regar mãe
Vem me regar
Vem me regar mãe, êa
Vem me regar
Todo santo dia
Pois todo dia é santo
E eu sou
Uma árvore bonita
Que precisa ter seus cuidados
Me regar mãe
Vem me regar
Vem me regar mãe, êa
Vem me regar
E ando sobre a terra
E vivo sob o sol
E as minhas raízes
Eu balanço
Me regar mãe
Vem me regar
Vem me regar mãe, êa
Vem me regar"
Nossa,
ResponderExcluirque vc seja MUITO bem vinda ao Cosmos mesmo...
e que vc continue nos trazendo esse pedaço de vida
expresso na tela do computador..
MUITO LINDO MESMO!
MARAVILHA!
ResponderExcluirvenham me regar de palavras, de letras, de verso, de prosas...vocês me contemplam...obrigado!
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