terça-feira, 31 de maio de 2011
IN-EDIT BRASIL - SALVADOR
A equipe do IN-EDIT BRASIL passou um ano inteiro preparando este festival. Andando pelos principais festivais de cinema do mundo; escutando a opinião dos grandes mestres do documentário; conversando com produtores, cineastas, músicos, empresários, técnicos, jornalistas, críticos e fãs; trocando experiências com outras sedes do In-Edit e conhecendo muita gente com ideias novas. Tudo para levar até nós o que existe de mais relevante no universo dos documentários musicais. Um trabalho minucioso que exige dedicação e conhecimento. O festival reúne produções de filmes documentários sobre música de todo o mundo. Começou em Barcelona, na Espanha, oito anos atrás e há dois ganhou edição nacional, em São Paulo e Rio de Janeiro. Bem queridas(os) o fato é que o este festival chegou a cidade do axé (créditos a Petrobrás e a Natura pelo incentivo), documentários musicais, mesas de conversa com produtores, tudo isso do dia 02 ao dia 09 de junho na Sala de Arte do Cinema do Museu. Confiram aqui a programação. No dia 02 às 20 h, sessão imperdível, FILHOS DE JOÃO – O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO BAIANO, deixo o trailer para assistirem. Então vamos prestigiar iniciativas como esta pessoal para depois não ficarmos com conversinhas que somos provincianos etc etc etc.
Bjs encontro vocês por lá !
O que resta de ti...
O beijo que te dei,
até hoje guardo,
sinto o toque das pêras em meus lábios,
o gosto macio do teu batom,
tua língua tímida, curiosa.
o cheiro do momento,
do vento que bate em teus cabelos,
e o doce ar do teu perfume,
mesclado com a maresia,
inebriavam meu ambiente.
Te ter e não te poder,
é dor, injustiça do amor,
é vão na imensidão,
salto da conquista,
é amor que se despista.
O tempo passe,
e a vida não mude,
ou deturpe, o que me resta de ti,
dentro de mim,
só cuide pra que volte.
domingo, 29 de maio de 2011
Aos que vão começar...
Suspensa no ar
Assim era no princípio
Só bocas abertas
Inda balbuciantes
Querendo cantar
Por isso que sempre no início
A gente não sabe como começar
Começa porque sem começo
Sem esse pedaço não dá pra avançar
Mas fica aquele sentimento
Voltando no tempo faria outro som
Porque depois de um certo ponto
Tirando o começo até que foi bom
Por isso é melhor ter paciência
Pois todo começo começa e vai embora
O problema é saber se já foi
Ou se ainda é começo
Porque tem começo que às vezes demora
Que passa um bom tempo
Inda está no começo
Que passa mais tempo
Inda não está na hora
Tem gente que nunca sai do começo
Mas tem esperança de sair agora
Se todo começo é assim
O melhor começo é o seu fim
Um dia ainda há de chegar
Em que todos irão conquistar
Um meio pra não começar
Agora depois do começo
Já estou me sentindo
Bem mais à vontade
Talvez já esteja no meio
Ou começo do meio
Porque bem no meio
Seria a metade
É bom demais estar no meio
O meio é seguro pra gente cantar
Primeiro, acaba o bloqueio
E a te o que era feio começa a soar
Depois todo aquele receio
Partindo do meio, podia evitar
Até para as crianças nascerem
Nascendo no meio, não iam chorar
Diria, sem muito rodeio
No princípio era o meio
E o meio era bom
Depois é que veio o verbo
Um pouco mais lerdo
Que tornou tudo bem mais difícil
Criou o real, criou o fictício
Criou o natural, criou o artifício
Criou o final, criou o início
O início que agora deu nisso
Mas tudo tomou seu lugar
Depois do começo passar
E cada qual com seu canto
Por certo ainda vai encontrar
Um meio para nos alegrar
O meio - Voz e Violão: Luiz Tatit
sexta-feira, 27 de maio de 2011
O conto do velho sábio chinês
"Era uma vez
Um sábio chinês
Que um dia sonhou
Que era uma borboleta
Voando nos campos
Pousando nas flores
Vivendo assim
Um lindo sonho...
Até que um dia acordou
E pro resto da vida
Uma dúvida
Lhe acompanhou...
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou se era uma borboleta
Sonhando que era
Um sábio chinês..."
(Raul Seixas)
Desiderata
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível, sem humilhar-se,
mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você:
isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho,
por mais humilde que seja,
ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira,
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado
para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários:
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve,
para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus,
seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida,
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano,
o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz
e partilhe com os outros a sua felicidade".
(Max Ehrmannn)
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Marcha da Maconha, dia 28/05
quarta-feira, 25 de maio de 2011
O mundo que quero
Aflige-me que o mundo que vive dentro de mim não venha a se realizar tão cedo. Pena! Eu o vejo com clareza, em todas as suas cores resplandecentes. E é bem certo que essa luz é o sol refletido e espalhado pelo chão, por belíssimos, amplos sorrisos. Esse mundo que eu vejo com clareza não padece, como o nosso, de nenhuma escassez, e o sorriso é a única moeda de troca: farta, bela, com ela é possível obter comida, abrigo, amizades, e sortes de prazer às quais faltam palavras ainda.
Eu vejo um mundo onde não tenho que explicar as coisas simples. Pois, veja, as coisas simples são as que mais tomam meu tempo, meu dia. Passo dias a explicar, repetidamente, as verdades que as pessoas refutam pelo medo simples de não saber o que vem depois dela – como uma criança que tem medo do mar, e deixa as ondas lamberem, suavemente, apenas as pontinhas dos dedos.
Imagine ser um professor de matemática e viver em um mundo onde dois e dois nunca chegam a quatro. Ora três, ora cinco; nunca quatro. E não adianta: as pessoas não gostam desse número. Esforçam-se por não vê-lo. Se acaso juntamos quatro laranjas ou quatro maçãs ou quatro porquinhos ou quatro aviões, as pessoas se desviam do assunto das mais diversas maneiras. É um belo malabarismo retórico. Se estão diante de quatro aviões, perguntam se serão mesmo aviões. Argumentam que, apesar de todas as semelhanças, são quatro coisas no mundo completmente distintas porque – ora! – os átomos que numa estão, não estão na outra. Não há nada em comum entre elas.
A mim não importa que sejam coisas distintas ou semelhantes, ou iguais – embora essa palavra seja perigosa – mas que sejam quatro. E que as pessoas sabem, muito bem, contar. E sabem que há quatro aviões, porquinhos, laranjas ou maçãs; eu só quero que admitam. 4! Admitam que sabem contar, e que se acaso não gostam do número, se o escolheram como proscrito da matemática, que seja! Que seja a religião do número 4, mas apenas admitam que vêem quatro aviões, laranjas, porquinhos, maçãs.
Eu sonho com um mundo de pessoas com coragem para admitir que SABEM. SABEM o que comem. SABEM que o defunto jazente em seus pratos não deveria estar ali, mas balindo e trotando pelos campos ensolarados, comendo girassóis, deitando-se ao sol, sobre a relva. SABEM que são cruéis e egoístas; que o prazer fútil do paladar não vale uma vida. Sonho com um mundo onde eu não tenha que explicar por que não há um porco ou uma vaca no meu prato; sonho com um mundo onde seja claro que o leite é sempre acompanhado de lágrimas.
Eu sonho com um mundo onde as mães se compadeçam, e se reconheçam pelos seus olhares. Onde nenhuma vaca tenha de ser apartada do bezerro antes mesmo de dar-lhe o primeiro leite; com um mundo onde as gatas possam banhar a cria antes de que ela seja cruelmente atada a um saco plástico e jogada no lixo; onde as galinhas possam aninhar no calor de suas penas, fetos que chegarão a ser pintos.
Eu sonho com um mundo onde cadelas cuidam de seus filhotes até que, gordos e fortes, caiam das tetas; inchados de tanto mamar. E que essas mesmas cadelas não andarão pelas ruas alquebradas, magricelas, porque o leite que vertem é o próprio corpo que se decompõe e se desfaz para alimentar a prole. Onde uma mãe humana possa acolher no próprio seio o filhote de qualquer animal que porventura precise de socorro; onde todas as fêmeas serão mães de todos os filhotes, numa união tão absoluta que não requeira mais a palavra “mãe”.
Todos os dias sonho com elefantes que desconhecem seus grilhões. E ursos que, devolvidos à floresta, desaprendam dia a dia a dançar. Sonho com chimpanzés que não arreganhem falsos sorrisos na TV, e que falsos sorrisos não se arreganhem na face humana ao ver um touro sofrer até a morte.
Nesse mundo, o toureiro abre caminho, e o touro corre sozinho, feliz, tranqüilo, rumo à sua liberdade; nenhum cachorro será deixado no frio, fora de casa, à própria sorte; as rainhas abelhas serão louvadas com todo o mel que as operárias puderem produzir.
Ursos polares poderão descansar, finalmente, sobre suas calotas polares, sem a preocupação de se desgarrarem em icebergs, sem a preocupação de flutuar a esmo nos mares.
Nenhuma galinha dependurada pelo pé sangrará até morrer afogada no próprio sangue, enquanto este se esvai no frio do abatedouro.
Sonho com um mundo em que as pessoas não sonhem para si mesmas. Que não se desanimem com o futuro, que se bastem em construir para os outros. Sonho com um mundo em que as pessoas são felizes simplesmente pela felicidade que se estampa no rosto do outro, e que assim, felicidade espelhada em felicidade, não importem identidades, individualidades, e todos os caprichos do ego que nos cindem.
Sonho todos os dias com esse mundo onde os porcos que eu não comi vagam chafurdando as areias do tempo. Onde, por fim, nada mais precise ser sonhado, onde tudo esteja simplesmente ao alcance fácil das mãos.
Carmen de Carvalho, publicado em http://vegtemas.org/o-mundo-que-eu-quero/
Um beijo e um requeijão
Antes do show de João :)
Participe. Gratuito. Pedal leve, qualquer pessoa pode participar.
PRÓXIMA BICICLETADA SALVADOR [MASSA CRÍTICA]: 27 de Maio de 2011 - Do Rio Vermelho [Largo da Mariquita - ao lado de Cira do acarajé] até o Porto da Barra [pequena parada] e retorno para o Rio Vermelho. Gratuito. Vá de bike. compartilhe a rua.
TODA ÚLTIMA SEXTA DE CADA MÊS. 18:30h
A Massa Crítica, ou Bicicletada, é um movimento aberto a todos aqueles que estejam afim de articular coletivamente estratégias para divulgar, estimular e promover as condições necessárias para o uso da bicicleta como meio de transporte, além de reivindicar o seu espaço nas ruas. Desse modo pretende-se despertar a população e os gestores da mobilidade a consciência de que a bicicleta é um meio de transporte, sustentável, e que como todos os outros merece o devido respeito.
Lutamos por cidades amigáveis, onde os seres humanos sejam respeitados, por transporte público de qualidade para todos, multimodal e integrado.
A mobilidade urbana é um direito de todos.
http://bicicletadasalvador.blogspot.com/
Show da "Orquestra Boemia Sustentável" nessa próxima sexta-feira, 27/05. Será na Casa da mãe (Rio Vermelho) e começa às 22h.
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Carta aos Puros – Vinícius de Morais
Vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros
E em cujos olhos queima um lento fogo frio
Vós de nervos de nylon e de músculos duros
Capazes de não rir durante anos a fio.
Ó vós, homens sem sal, em cujos corpos tensos
Corre um sangue incolor, da cor alva dos lírios
Vós que almejais na carne o estigma dos martírios
E desejais ser fuzilados sem o lenço.
Ó vós, homens ilumidados a néon
Seres extraordinariamente rarefeitos
Vós que vos bem amais e vos julgais perfeitos
E vos ciliciais à idéia do que é bom.
Ó vós, a quem os bons amam chamar de os Puros
E vos julgais os portadores da verdade
Quando nada mais sois, à luz da realidade,
Que os súcubos dos sentimentos mais escuros.
Ó vós que só viveis nos vórtices da morte
E vos enclausurais no instinto que vos ceva
Vós que vedes na luz o antônimo da treva
E acreditais que o amor é o túmulo do forte.
Ó vós que pedis pouco à vida que dá muito
E erigis a esperança em bandeira aguerrida
Sem saber que a esperança é um simples dom da vida
E tanto mais porque é um dom público e gratuito.
Ó vós que vos negais à escuridão dos bares
Onde o homem que ama oculta o seu segredo
Vós que viveis a mastigar os maxilares
E temeis a mulher e a noite, e dormis cedo.
Ó vós, os curiais; ó vós, os ressentidos
Que tudo equacionais em termos de conflito
E não sabeis pedir sem ter recurso ao grito
E não sabeis vencer se não houver vencidos.
Ó vós que vos comprais com a esmola feita aos pobres
Que vos dão Deus de graça em troca de alguns restos
E maiusculizais os sentimentos nobres
E gostais de dizer que sois homens honestos.
Ó vós, falsos Catões, chichibéus de mulheres
Que só articulais para emitir conceitos
E pensais que o credor tem todos os direitos
E o pobre devedor tem todos os deveres.
Ó vós que desprezais a mulher e o poeta
Em nome de vossa vã sabedoria
Vós que tudo comeis mas viveis de dieta
E achais que o homem alheio é a melhor iguaria.
Ó vós, homens da sigla; ó vós, homens da cifra
Falsos chimangos, calabares, sinecuros
Tende cuidado porque a Esfinge vos decifra…
E eis que é chegada a vez dos verdadeiros puros.
(Vinícius de Moraes)
Um apelo por paz!
Abandone, agora, neste segundo, a violência.
Este vale de lágrimas precisa ter fim.
Pare de vibrar violência.
Seja a mudança, seja a paz, seja o amor, seja a compaixão por todos os que sofrem, sem esquecer nenhum.
Agora.
Que mundo queremos?
Isto tinha um contexto, mas o grosso é compreendido mesmo com a descontextualização (desculpem os erros formais):
"É fundamental ler este comunicado: http://migre.me/4xnAP
Só esclarecendo alguns pontos:
a) não existe isso de subproduto. O animal, escravizado, é um preço só. Tudo nele vale. A brutalidade do sistema capitalista (e especista) é o que ele disse: usar, explorar, lucrar até o osso, até o fim, até tudo no explorado ser convertido em dinheiro.
Explicando melhor: se o animal vale 300 reais, 150 será a carne, 80 será a pele, outros tantos a gordura, as tripas... até o preço final. Usar o falso discurso do ambientalmente correto neste caso é quase medonho. A PECUÁRIA, DE LONGE, É O MAIOR PROBLEMA AMBIENTAL DO PLANETA TERRA. É só observar o que foi feito com todos os biomas brasileiros, é só observar o que estão fazendo com a Amazônia. A lógica do queimar, jogar pasto, esperar valorizar, vender pra monocultura, até destruir o solo; queimar, jogar pasto... até não sobrar mais nada.
A espécie humana, enquanto onívora, é um câncer para este planeta. Não é possível um planeta justo, sadio, igual para todos os habitantes dele, com a pecuária: É IMPOSSÍVEL.
b) ele diz em fome, que a não-pecuária traria fome. É justamente o contrário: a pecuária, no planeta, hoje, consome mais da agricultura do que a espécie humana. E apenas uma pequena parte da população humana usa da pecuária (coisa de 15%) e é a população que está morrendo com a obesidade hoje. Ou seja: a pecuária representa a morte e o sofrimento de humanos pelo excesso de gordura animal, a morte e o sofrimento de humanos pela fome daqueles que não terão comida (já que ela é usada como ração animal) e a morte e o sofrimento de bilhões e bilhões de animais, das mais terríveis maneiras.
É bem fácil de compreender isso. Você dá 100 calorias para um porco, mas ele respira, pensa (e muito), se mexe, digere, vive: a grande parte das 100 calorias vai pra ele ficar vivo. Apenas uma pequena parte é convertida em calorias, que serão consumidas por humanos (coisa de 10% destas calorias).
Ou seja, a pecuária é a forma menos inteligente de se fornecer calorias para a população humana, e este é um dos grande motivos da fome no mundo (além da má distribuição etc).
c) “O consumo de carne é um hábito que está nas nossas raízes”. É sim, claro que é, mas a escravidão negra também estava, a homofobia ainda está, o sexismo ainda está. Não é porque uma coisa faz parte da nossa raiz, que ela seja correta. Não está certo. Não é certo matar, mutilar, escravizar sujeitos de direito. Animais são sujeitos de direito. Eles pensam, respiram, sentem medo, sentem dor, sentem angústia, possuem relações sociais, têm medo da morte. Nós temos medo da morte, não queremos sofrer, queremos prazer e liberdade. Eles têm medo da morte, não querem sofrer, querem prazer e liberdade. Somos iguais. Não é porque temos força (inteligência é força na natureza) que temos mais direitos que eles. Não é porque um cidadão dos EUA pertence a um país muito forte, que ele vale mais do que um boliviano. Todos somos iguais. Todos estamos no mesmo planeta. Todos nós pertencemos a uma mesma história, a história dos habitantes deste planeta. Todos os terráqueos têm o direito de nascer e morrer no pleno uso de sua liberdade. Animais devem ficar soltos, nos seus ambientes de origem, vivendo as suas vidas com liberdade, com plenitude. Se morrerem assim, morrerão como animais, morrerão com se morre no meio deles. Mas não morrerão no show de terror que nossa espécie submete eles todos os dias.
Neste planeta, um grupo extremamente minoritário, agora, está mantendo a imensa maioria dos habitantes presos, confinados, escravizados. Nós estamos fazendo com que a vida neste planeta seja um INFERNO para a grande maioria dos seus habitantes. Poucos neste mundo são felizes, quase todos são imensamente infelizes. Estamos no império do Mal, da violência, da crueldade, da indiferença, da destruição, do Terror. Isso é o planeta Terra que VOCÊ está fazendo. É a grande roda do sofrimento, é a grande roda de dor e destruição.
Precisamos praticar a PAZ, o AMOR, a COMPAIXÃO com todos, absolutamente todos. Precisamos abandonar a violência, agora, neste exato segundo. Abandonar a violência na família, no trabalho, no trânsito, NO NOSSO PRATO. Este é o caminho, só este é o caminho que irá nos tirar da Era da Violência.
E nós podemos, nós somos benevolentes, muito benevolentes (somos repletos de amor), mas somos ignorantes, imensamente ignorantes. Somos violentos o tempo todo, mas não estamos percebendo isso. E isso é uma vibração, nosso mundo está vibrando violência. Crianças vibrando violência e com a violência. Pessoas loucas ensandecidas gritando por sangue. PAREM, pelo amordeJah. Larguem este caminho de tolos, de malucos, de idiotas. Sejamos inteligentes, sejamos racionais: morte gera morte, violência gera violência, infelicidade gera infelicidade.
Estamos todos num só barco, numa só roda, numa só história, e ela só será boa, só será justa, quando for boa e justa com todos os habitantes do planeta Terra. Não será boa pra brancos, com negros sofrendo. Não será boa com homens, com mulheres sofrendo. Não será boa com heterossexuais , como homossexuais sofrendo. Não será boa humanos, com animais sofrendo.
Somos um só, ou a felicidade será Universal, ou ela jamais existirá."
sexta-feira, 13 de maio de 2011
OM MANI PADME HUM
Entrando na onda das sugestões da Rafa, eis a minha:
1 - Coloque fones de ouvido e entre aqui: http://www.youtube.com/watch?v=4noQ0MD1_8s
2 - Durante o vídeo, concentre-se, tente não pensar em nada, o objetivo maior da sua vida nesse instante é apenas repetir OM MANI PADME HUM, tranquila e dedicadamente.
3- Após isso, desfrute dos mistérios do poder dos mantras ;p
terça-feira, 10 de maio de 2011
Espelho Meu
Eu nunca fui boa em planejar meus passos
Sempre fui demasiadamente desacreditada em "rotina"
Achava que esta era uma ditadora para com a minha liberdade.
Mas agora, de alguma forma inexplicável começo a aceita-la.
Desejo navegar e chegar a terra firme,
ficar a deriva requer energia demais e tanto sol anda me deixando tonta.
Clareando os passos, acredito que o meu receio era de ser metódica...
milimetricamente calculadora dos passos predestinados ao acerto
Afinal, tempo meu, dos meus arranhões eu bem entendo
e já não tenho medo.
Sempre funciono melhor com o meu verbo,minhas palavras exageradas
não se vestem nem de mentira, nem de verdade
elas são acidentes que vagueiam entre o desejo e a razão...
Andar a deriva anda me deixando cética em relação a minha força
Um beijo aos argentinos, afinal, os ventos continuam desfavoráveis
quando não se sabe para onde vai.
União civil: avanço democrático?
Nessa última quinta feira, dia 05 de maio de 2011, o STF decidiu, por unânimidade, favoravelmente pela União Civil entre pessoas do mesmo sexo. Ou seja, agora os homossexuais podem ter reconhecida sua relação de união estável, sendo assim, misericordialmente concedidos todos os direitos civis já conferidos aos heterossexuais.
Sendo o conceito de família, baseado na noção de casamento, logo na relação de matrimônio, como uma relação entre um homem e uma mulher, voltada para a reprodução, a união estável ou parceria civil era reconhecida apenas como sociedade de fato, vista pelo âmbito comercial.
Renegava-se aos homossexuais direitos básicos como declaração conjunta de Imposto de Renda, pensão em caso de morte ou separação, partilha de bens e herança, etc. Com a decisão o STF, o casal precisa, no entanto, comprovar que integram uma "convivência pública, contínua e duradoura", como diz a lei.
***
Não sei esse povo do STF, mas me parece óbvio que seres humanos tenham direitos iguais entre si. (Sem entrar no debate dos animais...deixo pra meu amigo Rafa).
Fala-se dessa decisão, como se de fato fosse, um avanço democrático, comenta a mídiática:
“O professor Rodrigo Gago, da Faculdade de Direito de São Bernardo, avaliou que os homossexuais eram marginalizados por não poderem ter os mesmos direitos dos heterossexuais.
“A decisão unânime do STF (Supremo Tribunal Federal), que anteontem reconheceu a união civil entre casais homossexuais, é vista por especialistas como benéfica para a democracia brasileira.”
MAS É CLARO!!! ISSO NÃO ERA ÓBVIO?!
Diz-se ainda: “O problema é que, ao estabelecer que um casal homossexual constitui família, o Supremo fez mais do que interpretar a lei. Ele literalmente a reescreveu, uma vez que a Constituição Federal e o Código Civil são explícitos ao definir a "entidade famíliar" como algo que nasce da união entre homem e mulher.”
Realmente, o STF reescreveu a lei, uma vez que a Constituição Federal é expressa ao definir a “entidade familiar”, como uma união entre homem e mulher, porque só assim, ele faz entrar exegeticamente na cabeça dos magistrados e tapados de todo mundo, que todos possuem os mesmos direitos! Parece simples né!?
Se tivesse interpretado a lei, como sempre faz, aplicando os mesmos princípios constitucionais que sempre utiliza para relativizar a Constituição Federal, como os princípios da dignidade da pessoa humana, igualdade, equidade, liberdade, personalidade e etc, teria facilmente chegado à conclusão que é no mínimo inconstitucional, quando não crime, renegar direitos expressamente fornecidos.
Aqui então, se teria uma contraposição: valores conservadores x Constituição Federal. Partindo da premissa que é perfeitamente possível que dispositivos da Constituição sejam declarados inconstitucionais, a única coisa que impede “o fortalecimento da democracia” são os valores conservadores.
Os mesmos valores conservadores que impregnam a cabeça dos magistrados e que podem mesmo depois da decisão do STF, “dificultar as coisas” no processo de adoção, por exemplo, onde o juiz defere ou não o pedido de adoção, com base em seus juízos de valor.
O problema da questão não é a lei, é o preconceito medíocre dos tapados, que não conseguem olhar para o igual e reconhecer como irmão.
O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o governo brasileiro estava debatendo a admissão de homossexuais nas Forças Armadas, e que isso não seria influenciado pela posição do general – e quer dizer que não existem homossexuais no exército, desde quando? Faz-me rir...
É disso que eu falo, desse preconceito pobre de espírito, velado, que até pouco tempo pairava predominantemente sob a égide do judiciário brasileiro, que agora joga a bola pro Congresso, decidindo também, que cabe a este, aprovar lei regulmentando as peculiaridades dos direitos homoafetivos - tenha medo, capaz de haver até uma coisa inédito: retrocesso democrático.
O cidadão contudo, pelo menos ganhou um plus, pois ao se sentir discriminado poderá entrar com ação na Justiça. Diante do precedente do STF, a chance de vitória será alta. O que só ajuda na luta dos Direitos Humanos contra os Direitos Desumanos.
Encarar uma relação que muitas das vezes expressa mais carinho, amor e consideração, do que as relações heterossexuais, como uma simples sociedade comercial e deixar na mão de magistrados jurássicos a decisão dos direitos alheios é no mínimo uma situação injusta. Parabéns ao STF por tomar a decisão certa na hora errada!
Repito: A lei da gravidade, por exemplo, não diz que todos os corpos que têm massa devem se atrair de determinado modo e sim que se atraem desse modo. Se for descoberto que determinados corpos têm massa e, no entanto, não se atraem do modo previsto, não serão esses corpos que estarão errados, mas a lei da gravidade. Assim também, se uma "lei natural" diz que os indivíduos do mesmo sexo não sentem atração erótica uns pelos outros, basta abrir os olhos para ver que essa "lei" está errada, ou melhor, não é lei, não existe.
É ou não é?
Tempo de amor
Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar
Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar
Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais
O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz
Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu
Vinícius de Morais
domingo, 8 de maio de 2011
Obrigado Mãe
Antes de começar a ler, faça o que eu digo, da maneira que eu digo (só assim receberá o meu presente).
Abra isto http://migre.me/4u3Tt
Deixe carregando, e vá fazer outra coisa. Apenas volte a ler, quando tiver carregado (e não veja ainda - isto é importante).
(...)
Com o vídeo carregado, mas sem ainda iniciar, leia:
Quando você se cuida com amor, Ela é quem está cuidando de você.
Quando você se toca com amor, se lava com amor, se alonga com amor, se massageia com amor, Ela é quem está cuidando de você.
Suas mãos se tornam as mãos Dela, e Ela realmente cuida de você.
Precisamos do socorro, precisamos de amparo, porque a dor da existência material é muito grande. Ainda estamos no reino da matéria, do sofrimento, do apego, do ego, da falha, da tristeza, da infelicidade, do medo, da raiva, do terror, do Terrível, e precisamos muito, muito da ajuda da nossa Mãe querida, da nossa mamãezinha dívida, filha do Mistério, misericordiosa, bondosa, advogada nossa neste vale de lágrimas, pois estamos ainda num vale de lágrimas (ouçam as lágrimas por toda a parte).
Hoje, no dia das mães, contemplemos esta força de luz que está em todos nós, dentro de nossas células, dos nossos átomos. E Ela é Beleza infinita, mas que não cega, porque é pura, é Mãe, realmente Mãe (ela só é Cuidado).
Portanto, busquemos o Seu socorro.
(...)
Sentido isso, dê player no vídeo, e volte pra cá. Ouça a música lendo a letra (com imensa atenção):
Se alguém quiser me ofertar
Com amor e devoção
Fruta, folha, flor ou água
Aceitarei a oferenda
Ó, descendente de Cunte
O que quer que você faça
O que quer que você coma
O que quer que você dê
Tudo isso deve ser feito como uma oferenda a mim
(Bhagavad Gita)
E assim, apenas assim, você receberá os benefícios.
Obrigado, Mãe!
sábado, 7 de maio de 2011
dia 7 de maio de 2011
Estou muito feliz, e por isso quero partilhar isso aqui, neste blog, que amo tanto, por ser de pessoas que amo tanto, e por ser o meu blog (também o meu blog).
Nesta semana, pela primeira vez em muito, muito tempo, eu consegui fazer, pensar e sentir apenas no que eu quis. Uma hora ou outra existiram pequenos desvios, mas nada realmente significativo. O normal da minha semana foi ficar muito bem, muito contente, muito alegre e animado.
Estudei o quanto quis (o que achei necessário e suficiente), quando quis e como quis.
Cuidei direitinho da minha coluna (sempre tenho que me lembrar disso), fazendo duas sessões de alongamentos em cada turno de estudo. Finalmente estou seguindo o que eu já sabia: antes de entrar no ponto de saturação do estudo, quando chegar nos 80%, paro. Coloco a música, vou ao banheiro, lavo o rosto com cuidado, me alongo com bastante calma, dou uma volta na biblioteca, olho as revistas, ou fico passeando entre os livros de todas as áreas (isso me faz bem, porque vejo coisas não jurídicas). Depois volto, me sento com as pernas cruzadas (estou usando 5 cadeiras muito legais que tem numa sala da biblioteca da FACS, numa posição que minha coluna fica muito bem arrumada). Aí eu coloco um pouco de pomada de canfora no ponto que os orientais chamam de terceiro olho, entre as sobrancelhas (este é um ponto muito especial, muito importante para a concentração e a lucidez) – a pomada esfria o ponto e faz com que eu o perceba mais facilmente. Pronto, aí passo alguns minutos prestando atenção na minha respiração (mas a música eu deixo tocando) e, as vezes, no ponto.
Quando volto, depois desta pausa, consigo estudar muito bem, muito concentrado. Estou muito feliz por estar conseguindo aplicar a meditação na minha rotina de estudo.
Tô ouvindo muita música. Músicas de Rádio, porque ainda não comprei um MP3 player depois que roubaram meu celular que servia pra isso, mas isso tá sendo muito bom, porque fico sabendo do que acontece na cidade (a Educadora mesmo fala bastante de tudo o que acontece na cidade, e tem vários programas legais) e ouço as músicas que as pessoas estão ouvindo, músicas velhas, músicas novas, músicas inesperadas.
Tô pedalando (minha bicicleta está ótima, sempre me enchendo de orgulho)...
Hum... eu, e boas almas, estamos fazendo coisas bem legais na internet pela causa animal, que é o que toca o meu coração (por serem – os animais – os explorados que quase ninguém defende – em todas as outras já existem pessoas ajudando). E está dando tudo certo.
Enfim, minha vida, está muito bem, graças a todos os auxílios que recebo o tempo todo (o pessoal da biblioteca, minha família, meus amigos e tantas pessoas legais que sempre conheço), ao Universo, nosso Deus, e principalmente a mim, que estou conseguindo, estou firme no que quero, estável, me cuidando o tempo todo. Ohh... como isso é importante. Cuidar do quarto, da roupa, dos dentes, da limpeza, da coluna, da alimentação (tanto o prazer, quando a nutrição), da rotina, da mochila, da área de trabalho do computador, da organização dos objetos na mesa de estudo... e principalmente dos pensamentos. Apenas cultivar os bons pensamentos (os bons sentimentos, como diria Cotra), aquilo que nos dá força, aquilo que nos deixa positivos, animados, felizes, pra frente.
Enfim, só queria registrar, que no dia 7 de maio de 2011, posso dizer (sem auto-engano) que estou feliz. É possível ser feliz. É mentira quem diz que isso não é possível, porque é. Realmente é. E é fácil. Não existem mistérios.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Twitaço contra a Le Lis Blanc
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Estabilidade
quarta-feira, 4 de maio de 2011
É racista a criminalização da maconha no Brasil!
A semente de maconha foi trazida, da África para o Brasil, às escondidas, pelos escravos negros que tinham o hábito de fumar a flor da planta fêmea, onde se concentra o THC (Tetrahidrocanabinol).
O Brasil foi o primeiro país do mundo a editar uma lei contra a maconha. Em 4 de outubro de 1830, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro penalizava o `pito de pango`, denominação da maconha, no § 7º da postura que regulamentava a venda de genêros e remédios pelos boticários:
“É proibida a venda e o uso do pito do pango, bem como a conservação dele em casas públicas. Os contraventores serão multados, a saber: o vendedor em 20$000, e os escravos e mais pessoas, que dele usarem, em três dias de cadeia.”(Mott in Henman e Pessoa Jr., 1986)
Quando aqui chegou, em 1808, a família real aproveitou a mão de obra dos capitães do mato para criar a polícia brasileira, época em que esses não mais serviam aos fazendeiros devido aos altos custos das recompensas. Esta função principal da polícia veio a substituir o que faziam os seus antecessores, caçadores de escravos privados, no sentido de manter os negros na “linha”. Os rituais das religiões africanas, dentre os quais fazia parte o consumo da maconha, eram proibidos em lugares públicos.
Depois da metade do século XIX, chegava ao Brasil o discurso dos psiquiatras lombrosianos. Esses criaram a teoria do `criminoso nato`, sendo apontadas essas tendências nos negros e em toda a sua cultura e hábitos. Com a abolição da escravatura, essa teoria racista caiu como uma luva, pois, os que antes eram escravos, passaram a ser `criminosos natos`.
A teoria de Rodrigues Dória, psiquiatra brasileiro, professor de Medicina Pública de Direito da Bahia, presidente da Sociedade de Medicina Legal, ex-presidente do Estado de Sergipe, é emblemática: a partir de um discurso racista supostamente científico, ele associava o consumo da maconha, hábito característico dos criminosos natos, à vingança dos negros “selvagens” contra os brancos “civilizados” que os escravizaram. Vejamos um fragmento de seu texto elitista e etnocêntrico, pretensiosamente civilizado, discriminando a cultura, a religião e o maravilhoso diálogo rimado da diversidade cultural brasileira dos negros, nativos e pobres, associando tudo, inclusive a criatividade, ao uso da maconha:
“Entre nós a planta é usada, como fumo ou em infusão, e entra na composição de certas beberragens, empregadas pelos “feiticeiros”, em geral pretos africanos ou velhos caboclos. Nos “candomblés” – festas religiosas dos africanos, ou dos pretos crioulos, deles descendentes, e que lhes herdaram os costumes e a fé – é empregada para produzir alucinações e excitar os movimentos nas danças selvagens dessas reuniões barulhentas. Em Pernanmbuco a herva é fumada nos “atimbós” – lugares onde se fazerm os feitiços, e são frequentados pelos que vão ai procurar a sorte e a feliciadade. Em Alagoas, nos sambas e batuques, que são danças aprendidas dos pretos africanos, usam a planta, e também entre os que “porfiam na colcheia”, o que entre o povo rústico consistem em diálogo rimado e cantado em que cada réplica, quase sempre em quadras, começa pela deixa ou pelas últimas palavras de contendor”
A sociedade disciplinar, surgida na Europa, no século XIX, com seu discurso da `periculosidade`, que preconizava a criminalização e controle das chamadas ‘classes perigosas`, chegava ao Brasil. Imbuídas desses preconceitos surgem novas ciências como a psiquiatria, a psicologia, a criminologia e a sociologia.
Com a abolição da escravatura, sem terra e trabalho, os antigos escravos passaram a ser considerados indivíduos de comportamento desviantes e criminosos natos. De certa forma, o discurso lombrosiano serviu para eximir o Estado de criar políticas sociais para absorver esta mão de obra ao justificar a implantação de novas políticas punitivas. O hábito de fumar maconha seria mais uma característica do criminoso nato, juntamente com todas as manifestações culturais dos ex-escravos. Maconheiro, macumbeiro, vadio, mendigo, prostituta, um dicionário racista e preconceituoso era usado pelo poder da elite dominante para vigiar e punir os pobres.
Os negros passaram a ser considerados criminosos natos após a escravidão, de escravos passaram a ser encarcerados. Daí a construção do estereótipo racista estabelecendo a cor da pele e o clima como características naturais e propensão à formação do criminoso. Como a maconha era consumida pelos negros, a conduta foi associada a comportamentos característicos de criminosos, tratando seu consumo como desviante e característica nata de negros marginais e vadios que não queriam trabalhar.
Um ano antes mesmo da Constituição da República, entra em vigor, em 1890, o Código Penal Republicano, criminalizando a capoeiragem, que englobava todas as manifestações culturais dos negros como o jongo, samba, religiões e o hábito de fumar maconha. A capoeira foi descriminalizada somente no Código Penal de 1941. Porém, neste mesmo código, em seu artigo 281, um hábito passa a ser expressamente criminalizado: fumar maconha.
Na II Conferência Internacional do Ópio, em 1924 em Genebra, o psiquiatra Dr. Pernambuco, delegado brasileiro, afirmou, para as delegações de 45 outros países: “a maconha é mais perigosa que o ópio”. Essa Conferência influenciou radicalmente a criminalização da maconha no mundo.
Nos anos setenta, a maconha passa a ser consumida pela classe média branca e encarada como ato de rebeldia. Inicialmente, mais preocupados com os guerrilheiros, a ditadura não se importou tanto com a sua punição. Mais tarde, as históricas práticas punitivas contra os negros, que fumavam maconha, passam a ser aplicadas também na classe média branca. Como o sistema penal brasileiro foi historicamente construído para criminalizar negros e índios pobres, a prisão de pessoas brancas de classe média encontrava resistência no judiciário de sua cor. A Jurisprudência diferenciava os consumidores dos traficantes, mesmo sem o amparo da lei que os equiparava, para livrar a classe média da cadeia. Assim, em 1976, entrou em vigor a lei 6368 que distinguia o consumidor do traficante, estabelendo, para o primeiro, uma pena máxima de 2 anos de detenção, enquanto, para o segundo, de 15 anos de reclusão. Com essa legislação, consumidores brancos conseguiam escapar da prisão com a detenção, afiançável pelo delegado, enquanto os negros continuavam sendo encarcerados como traficantes pela reclusão, inafiançável até pelo juiz.
Essas históricas práticas políciais de punição dos “maconheiros”, antes negros e agora, também, brancos, vão explicar as constantes “duras” que sofrem e o único movimento social proibido no Brasil: A MARCHA DA MACONHA.
Por isso, não devemos cair no discurso hipócrita do que vai acontecer se a maconha for legalizada, mas sim buscar conhecer o ‘porquê de sua criminalização`, o RACISMO.
Mesmo amparada pela Constituição, em seu artigo 5º, inciso XVI, o direito à reunião pacífica, sem armas, em locais abertos ao público, pressuposto do direito à liberdade de pensamento, opinião e expressão, todos os anos, temos de impetrar habeas corpus para que ninguém seja preso por participar da Marcha da Maconha. Neste ano de 2011 não é diferente. Todos podem ir, no dia 7 de maio de 2011, às 14 h., ao Jardim de Alah, em Ipanema, porque os participantes estão garantidos pelo salvo-conduto e não podem ser presos na MARCHA DA MACONHA.
Por André Barros, advogado da Marcha da Maconha