Os melhores versos - Cem Sonetos de Amor, de Neruda - por mim...hahaha

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.
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perguntas que insistiam na areia,
...
tudo era inalienavelmente alheio,
...
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

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teu corpo é liso como as pedras na água,
teus beijos são cachos com orvalo,
e eu a teu lado vivo com a terra.

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Areia e céu palpitavam como uma
culminante colmeia cortada nas turquesas.
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tua mão tocou sílabas que tilintavam taças,
...
amor: tua mão pura preservou as colheres.
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A tarde foi. A noite deslizou sigilosa,
...
E tua mão voltou de seu vôo voando.

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Tu és total e breve, de todas és uma,
e assim contigo vou percorrendo a amando.

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Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia.
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Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo.
...
porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzei toda a terra pergunando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.

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Da onda, uma onda e outra onda,
verde mar, verde frio, ramo verde,
eu não escolhi senão uma só onda:
a onda indivisível de teu corpo.
...
Eu quis para mim tua cabeleira.
E de todos os dons de minha pátria
só escolhi teu coração selvagem.

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Assim tu e eu buscamos um vazio, outro planeta
onde não tocasse o sal tua cabeleira,
onde não cresceram dores por minha culpa,
onde viva o pão sem agonia.

Um planeta enredado por distância e folhagens,
um páramo, uma pedra cruel e desabitada,
com nossas próprias mãos fazer um ninho duro.

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Que nave navegando na doçura!
E tu talvez e eu talvez topázio!
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e ali onde respiram os cravos
fundaremos um traje que revista
de um beijo vitorioso e eternidade.