sábado, 24 de dezembro de 2011

Bárbara



"Acima sou lua

ao lado, pele nua,

por dentro, sou rua,

por fora, sou sua". (Poema XIX).



Eu sou a Santa que pariu Madalena

nasci do ventre do leito do rio

já fui Maria

mas gosto dos poemas

da sacanagem dos meninos vadios.


Tenho um linguajar fálico

para seres um ser de Lacan

estou nas vitrines de Amsterdã

nos porões entre ouro e vidraças

nos prédios velhos, amorfos e praças

escondida enquanto a desgraça me come

na carne me traça.


Não sou louca nem sou pura

Mulher de casa

da rua

da luta

das aventuras.

Cindida na história

das noites escuras.

Recrio os meus traços

refaço a simbologia masculina.

Haverá a glória: ser livre no passo!


Minha sexualidade é universal

sou um projeto omnilateral

ultrapasso as fronteiras da dominação

da propriedade privada patriarcal

quero ser feminina sem endurecer teu pau

e gozar da liberdade de sermos irmãos

pra parirmos a transformação capital.


Bárbara, Bárbara!

Bárbara, Bárbara!


Bárbara, você barbarizou o meu amor,

o meu amor.


Letra e Música: Mario Neto (Menê).


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