sábado, 10 de dezembro de 2011


"Neste texto pretendo analisar criticamente a relação entre capitalismo e direitos animais sob suas diversas facetas. As reflexões abaixo estão longe de esgotar o tema, por demais vasto e complexo, e têm, portanto, justamente a intenção de impulsionar o debate, cuja relevância tem sido ignorada pelos ativistas da causa animal.

Esse debate não é puro devaneio intelectual. Os defensores dos animais precisam superar os preconceitos e a ingenuidade que os afastam das questões mais amplas sobre a qual a exploração animal está apoiada. O movimento pelos direitos animais interfere diretamente sobre as concepções ideológicas e as estruturas de poder da sociedade e, portanto, recusar-se a essa reflexão mais ampla irá comprometer seriamente o alcance de nossa luta. E, sendo a sociedade em que vivemos regida pelas relações capitalistas, precisamos de uma compreensão profunda do funcionamento e dos pressupostos ideológicos do capitalismo para atuarmos de forma mais efetiva em favor da transformação dessa realidade e a promoção dos direitos animais.

O presente texto está dividido em duas partes principais. Na primeira, “Capitalismo e direitos animais” tento relacionar os pressupostos ideológicos do capitalismo com o pensamento e o ativismo pelos direitos animais. Um estudo sobre a economia política do capitalismo relacionada à questão animal escapa ao alcance desse texto, mas é igualmente importante para o nosso movimento. Por ora, quero principalmente ressaltar as implicações que a ideologia do capitalismo tem sobre a questão animal. A segunda parte, “Socialismo e direitos animais”, decorre da necessidade de, ao tratar do capitalismo, tratar também do sistema que se apresenta como alternativa a ele. Nela, tenho como referência o socialismo tal como foi pensado por Karl Marx e aplicado sob sua inspiração. Desde já, porém, insisto no erro político e metodológico que é tomar o marxismo como sinônimo de socialismo, razão pela qual uso com freqüência os conceitos de forma combinada: “socialismo marxista”. A ênfase que dou ao marxismo no texto não deriva do menosprezo pelas outras vertentes do socialismo, mas do reconhecimento da sua predominância, ainda hoje, como alternativa ao capitalismo, e da necessidade de reflexão crítica sobre a forma como se tentou implantar o socialismo no século XX.

Por fim, nas conclusões, ofereço minhas próprias impressões sobre as implicações políticas e estratégicas resultantes de minha análise. A estrutura do texto tenta seguir uma seqüência lógica – tanto filosófica quanto histórica – e, portanto, peço ao leitor cautela e paciência antes de tirar suas próprias conclusões, tanto sobre o tema em questão quanto sobre o próprio texto."

Cliquem no link pra ler o texto: http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=342:direitos-animais-em-tempos-de-capitalismo-parte-1-bruno-mueller&catid=42:brunomuller&Itemid=1

2 comentários:

  1. ‎"Claro está, portanto, que a razão prática do capitalismo está, na verdade, frontalmente oposta à ética dos direitos de um modo geral; logo, também oposta aos direitos animais e o abolicionismo. Como supor que é possível a consagração dos direitos animais dentro de um contexto social, político e econômico que enxerga os indivíduos (humanos e não-humanos) como meios para o fim da geração de riqueza (e maximização do lucro)? Podemos, realisticamente, defender (como acreditam alguns ativistas veganos) que é possível manter essa organização social mercantilizadora, excluindo apenas os animais não-humanos da equação? (...)
    As lutas por emancipação humana e emancipação animal estão política e filosoficamente relacionadas. Direitos animais e direitos humanos, abolição da exploração animal e abolição da exploração humana: mesmo que tenham pontos de partida distintos, coincidem no ponto de chegada. Portanto, não são outra coisa senão ramos de uma mesma causa."

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