sábado, 24 de outubro de 2009
Rua da Aurora.
Sempre pensara em ir
caminho do mar.
Para os bichos e rios
nascer já é caminhar.
Eu não sei o que os rios
têm de homem do mar;
sei que se sente o mesmo
e exigente chamar.
Eu já nasci descendo
a serra que se diz do Jacarará,
entre caraibeiras
de que só sei por ouvir contar
(pois, também como gente,
não consigo me lembrar
dessas primeiras léguas
de meu caminhar).
Deste tudo que me lembro,
lembro-me bem de que baixava
entre terras de sede
que das margens me vigiavam.
Rio menino, eu temia
aquela grande sede de palha,
grande sede sem fundo
que águas meninas cobiçava.
Por isso é que ao descer
caminho de pedras eu buscava,
que não leito de areia
com suas bocas multiplicadas.
Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava.
Saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.
Esses versos são da autoria do mestre João Cabral de Melo Neto, o "poeta engenheiro". O Rio Capibaribe desce Pernambuco entre os canaviais e vilazinhas. Se junta ao mar entre Olinda e Recife.
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Ahhhhh, que alívio! Li esse post de novo e fiz: ufa! Normal, em se tratando de você, né, Mila? Já conversamos sobre isso, mas se ficar confuso te explico. :)
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParei de beber. Alzira disse que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole. :(
ResponderExcluirCamila é uma flor no asfalto. Mas não é só ela. Esse blog tem algumas outras. Parabéns, meninos (as)!
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